Em meio a um cenário de tensões econômicas e estratégicas no comércio internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta terça-feira (23), no Palácio do Planalto, o prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos, para uma reunião de alto nível que contou também com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, do ministro do Empreendedorismo, Márcio França, da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e do deputado federal Pedro Campos. A conversa, que durou cerca de uma hora e meia, foi marcada por análises sobre o impacto das medidas unilaterais anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto.
O encontro foi solicitado pelo próprio João Campos, que na última semana já havia se posicionado publicamente contra a decisão norte-americana. Na ocasião, o prefeito pernambucano classificou o aumento tarifário como um “ataque à soberania comercial do Brasil” e defendeu uma resposta articulada entre as forças políticas do país. O tema voltou com força à mesa nesta terça, agora sob a chancela da institucionalidade e com o reforço de lideranças da base aliada do governo Lula, indicando que o PSB pretende não apenas se manter coeso com o Planalto, mas também influenciar diretamente nas ações de reação geopolítica e econômica.
Nas redes sociais, João evitou citar diretamente os desdobramentos eleitorais de 2026, mas a presença de figuras centrais do PSB e do PT no mesmo ambiente, em um momento de forte repercussão política, não passou despercebida por interlocutores do governo. Embora o foco oficial da conversa tenha sido a defesa da soberania nacional e a construção de uma agenda econômica de reação ao tarifaço, bastidores indicam que os laços entre as duas legendas para o próximo ciclo eleitoral também entraram em pauta de maneira indireta. O próprio João Campos já sinalizou, em outras ocasiões, que o PSB deseja a manutenção de Alckmin como vice em uma eventual chapa com Lula.
Ao comentar a reunião, João escreveu que o momento pede “alinhamento estratégico e institucional” para que o Brasil possa defender seus interesses no cenário internacional. Segundo ele, é papel dos partidos aliados construírem, ao lado do governo, mecanismos eficazes para garantir a competitividade da produção nacional e a proteção dos setores produtivos mais atingidos pelas novas tarifas. A fala de João reforça sua imagem de liderança nacional em ascensão e também o papel de protagonista que vem assumindo dentro do PSB, especialmente em um contexto onde o partido busca manter influência no governo federal e consolidar palanques fortes nos estados.
O ministro Márcio França, ex-governador de São Paulo e um dos articuladores mais próximos de João Campos, também participou ativamente da reunião, defendendo um plano emergencial para as micro e pequenas empresas que exportam produtos atingidos pelas tarifas norte-americanas. A proposta, segundo fontes do Planalto, é criar uma frente multissetorial que inclua entidades empresariais, governadores e parlamentares em torno de uma resposta que una diplomacia, incentivo econômico e pressão nos organismos multilaterais.
Embora o tom da reunião tenha sido técnico e institucional, o simbolismo político foi evidente. Em plena Esplanada, o PSB reafirmou sua sintonia com o Planalto, em um gesto que também mira o fortalecimento do campo progressista para os embates que se avizinham. A presença do deputado Pedro Campos, irmão do prefeito, também foi vista como um movimento de fortalecimento do núcleo político da família Campos em Brasília.
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