São Luiz do Anauá, em Roraima, região Norte do Brasil, foi o município brasileiro que mais recebeu recursos por meio de emendas parlamentares nos últimos cinco anos. Apesar disso, a cidade decretou estado de calamidade financeira após ficar sem recursos para pagar os salários dos servidores municipais. As informações são do Uol.
Com uma população de 7.315 habitantes, o município recebeu aproximadamente R$ 126 milhões em emendas de deputados e senadores entre janeiro de 2020 e maio de 2025. Em um cálculo simples, isso equivale a cerca de R$ 17,4 mil por habitante, valor 33 vezes superior à média nacional, que é de R$ 525 por pessoa.
Segundo a atual gestão municipal, a maior parte dos recursos (cerca de R$ 92 milhões) foi repassada por meio do chamado "PIX orçamentário", modalidade de transferência direta que acelera a chegada dos recursos aos municípios, mas exige pouca prestação de contas prévia.
Mesmo com esse volume expressivo de verbas, a cidade encontra-se em colapso financeiro. De acordo com a atual administração, diversas obras estão inacabadas e há suspeitas de desvios de recursos públicos. Entre elas:
Parque da Vaquejada — R$ 6,6 milhões desviados
Praça dos Buritis — R$ 3 milhões;
Portal da Cidade — R$ 1,8 milhão;
Conjunto de casas populares — R$ 1,2 milhão.
O prefeito também acusa a gestão anterior de reter R$ 680 mil em empréstimos consignados, valores que foram descontados dos salários dos servidores, mas não repassados aos bancos.
As denúncias foram encaminhadas à Controladoria-Geral da União (CGU), ao Tribunal de Contas da União (TCU), à Polícia Federal e ao Ministério Público.
Um dos símbolos da má gestão foi a construção de um portal de entrada na cidade, muito semelhante ao do cantor Gusttavo Lima. A estrutura fazia parte de um projeto para transformar São Luiz do Anauá em palco de um grande evento que prometia atrair mais de 50 mil pessoas, sete vezes a população local, para um show do artista em 2022.
A apresentação, no entanto, foi cancelada por decisão judicial após o MP questionar a origem dos recursos destinados ao evento. Grande parte das obras previstas não foi concluída.
Além das suspeitas envolvendo verbas federais, a antiga administração também é investigada por suposto desvio de emendas estaduais. Estão sendo apurados indícios de irregularidades na aplicação de R$ 2,6 milhões destinados à compra de medicamentos e outros R$ 900 mil para a aquisição de ambulâncias.
A reportagem tentou contato com os responsáveis pelas licitações e com o ex-prefeito, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria
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