segunda-feira, 21 de julho de 2025

PRÉ-CAMPANHA GANHA AS RUAS E ESCANCARA DISPUTA ENTRE RAQUEL LYRA E JOÃO CAMPOS EM PERNAMBUCO EM 2026

A pré-campanha eleitoral em Pernambuco começou a ganhar contornos visíveis nas ruas e eventos populares, revelando os movimentos iniciais dos principais nomes que devem protagonizar a disputa pelo Governo do Estado em 2026. No último fim de semana, dois dos principais atores políticos do cenário estadual – a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB) – protagonizaram uma série de agendas que, embora revestidas de institucionalidade ou tradição, não esconderam o caráter político-eleitoral dos gestos. Ambos circularam pelo Sertão pernambucano, especialmente em eventos simbólicos, e reforçaram suas posições de pré-candidatos, cada um com sua estratégia própria.

Raquel Lyra esteve em municípios do interior participando de atos administrativos e entregas de ações do Governo do Estado. Em cada local visitado, no entanto, aproveitou a presença de populares, lideranças e câmeras para fazer uma espécie de prestação de contas pública de sua gestão. Uma presença estratégica e cuidadosamente calculada para reforçar sua imagem de gestora ativa e conectada com as necessidades da população do interior, especialmente das regiões mais distantes da capital, onde ainda concentra parte importante de sua base eleitoral.

João Campos, por sua vez, reforçou sua popularidade entre prefeitos aliados e lideranças do interior participando de festividades populares, entre elas, a tradicional Missa do Vaqueiro em Serrita. O evento, de forte simbolismo cultural para o Sertão pernambucano, foi uma vitrine para ambos. A presença quase simultânea da governadora e do prefeito no mesmo espaço chamou a atenção de quem acompanhava o evento e também repercutiu nas redes sociais, onde os dois já protagonizam uma polarização evidente. Embora não tenham aparecido em fotos lado a lado, a proximidade física e temporal foi notada por todos e marcou um dos episódios mais emblemáticos deste início de pré-campanha.

Durante o ato religioso, Raquel Lyra fez questão de marcar posição. Em seu discurso, sem citar nomes, lançou uma crítica direta à forma como alguns adversários têm se apresentado publicamente. “Aqui não é palanque político. É tempo de celebrar a nossa cultura e a nossa história. Isso não se faz pelo Instagram, isso se faz no chão, na terra, em cima de um cavalo, e de mãos dadas para o nosso povo”, disse, numa clara referência ao prefeito recifense, cuja comunicação tem forte presença nas redes sociais.

João Campos, por sua vez, manteve sua linha de discurso conciliador. Em entrevistas, minimizou a falta de apoio de parte dos prefeitos ao seu projeto político, dizendo compreender os motivos pelos quais alguns gestores ainda apoiam a reeleição de Raquel Lyra. Segundo o prefeito, a força de uma candidatura não depende apenas da quantidade de apoios institucionais, mas da conexão com a população e da capacidade de apresentar um projeto de futuro para o estado.

Um dos momentos mais simbólicos da agenda do prefeito foi a recepção calorosa da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), que demonstrou publicamente seu alinhamento com João Campos. Até pouco tempo aliada de Raquel Lyra, Márcia se afastou da governadora após esta ter feito gestos considerados como aproximação com adversários locais. A prefeita, vista como uma das mais influentes do Sertão, selou o novo vínculo político ao lado do prefeito do Recife, reforçando a tese de que o PSB está reconstruindo pontes no interior com o apoio de lideranças estratégicas.

Enquanto João Campos aposta no carisma e na capilaridade construída ao longo do tempo com prefeitos e lideranças locais, Raquel Lyra se ancora na máquina pública e na visibilidade que o cargo de governadora lhe proporciona. A movimentação dos dois, ainda que sem pedido explícito de votos, já revela o ritmo acelerado que a disputa estadual começa a tomar, mesmo com as convenções partidárias ainda a um ano de distância. A pré-campanha, antes concentrada nas redes sociais, agora toma forma nas estradas e palcos culturais do estado, sinalizando que Pernambuco viverá uma disputa marcada por forte simbolismo, contraste de estilos e, acima de tudo, muita presença de rua.

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