Em seu pronunciamento, Raquel Lyra buscou exaltar os símbolos da identidade sertaneja, como Raimundo Jacó, homenageado central da missa, e o mestre Luiz Gonzaga, reforçando os laços históricos e afetivos com o sertão. “Aqui não é palanque político. É tempo de celebrar a nossa cultura e a nossa história. Isso não se faz pelo Instagram, isso se faz no chão, na terra, em cima de um cavalo, e de mãos dadas para o nosso povo”, declarou. A governadora também participou do cortejo dos vaqueiros, acompanhando os cavalos que percorrem as trilhas de chão batido até o altar montado ao ar livre.
Raquel se emocionou ao lembrar sua trajetória e o fato de ser uma "filha do interior", mesmo tendo nascido no Recife. “Eu sei o que é a dureza do solo, a ausência da água, o sacrifício do sertanejo que acorda cedo para garantir o sustento da sua família. Sei o que é viver com dignidade mesmo diante da escassez”, destacou. Ela fez questão de lembrar que sua vida e sua carreira política foram construídas em Caruaru, cidade do Agreste, e que carrega consigo o compromisso de trabalhar para levar dignidade ao povo do sertão.
A governadora também aproveitou o momento para reforçar ações do seu governo voltadas à infraestrutura e qualidade de vida da população sertaneja. Prometeu investimentos em abastecimento de água, melhoria de estradas e ampliação da rede de saúde, afirmando que sua gestão é “séria e comprometida”. Segundo ela, não se trata apenas de um discurso institucional, mas de uma vivência pessoal que a conecta com as dificuldades cotidianas do povo interiorano.
Durante a cerimônia, Raquel esteve acompanhada da vice-governadora Priscila Krause, secretários estaduais, deputados, prefeitos e lideranças da região. Em sua fala, estendeu o agradecimento ao povo sertanejo não apenas de Pernambuco, mas também de estados vizinhos como o Piauí e o Ceará, que tradicionalmente participam da celebração. A presença de comitivas interestaduais reforçou o caráter interestadual da Missa do Vaqueiro, que transcende os limites geográficos e se consolida como uma manifestação cultural profundamente nordestina.
Em meio à poeira do sertão, ao som da sanfona e aos gritos dos vaqueiros que chegam montados com seus gibões e chapéus de couro, a celebração se manteve firme em sua essência: um tributo à resistência, à fé e à cultura dos que vivem do campo. Nesse ambiente simbólico, Raquel Lyra construiu um discurso de pertencimento e continuidade, tentando se distanciar da política tradicional, mesmo num cenário recheado de olhares e articulações eleitorais antecipadas. O palanque estava ali — não oficial —, mas vivo nos gestos, nas ausências e nas palavras de quem governa e de quem almeja governar.
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