O senador Marcos do Val (Podemos-ES) embarcou para os Estados Unidos na quarta-feira (23), com destino a Miami, utilizando um passaporte diplomático, mesmo tendo sido alvo de ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para entregar seus documentos de viagem. A informação foi revelada inicialmente pelo portal UOL e gerou nova onda de questionamentos sobre o comportamento do parlamentar, que é investigado por suposta obstrução de Justiça e violações às determinações do STF. A Procuradoria-Geral da República não se manifestou até o momento, mas o Supremo confirmou que o inquérito segue sob sigilo. Segundo apuração do portal Metrópoles, o pedido de autorização formal para a viagem foi negado por Moraes, o que configuraria um possível descumprimento de medida judicial por parte do senador. Em nota, Marcos do Val afirmou que a viagem foi previamente comunicada à Corte e negou qualquer ilegalidade, dizendo não haver decisão judicial válida que restrinja sua liberdade de locomoção. Ainda em sua nota, o senador acrescentou que possui um passaporte diplomático válido até julho de 2027 e um visto oficial americano (B1/B2) renovado recentemente, com validade até 2035. Esses documentos, segundo ele, comprovariam sua legitimidade internacional. A viagem ocorre num contexto de embates recorrentes entre o parlamentar e o STF. Do Val é investigado por ter divulgado informações sensíveis sobre o delegado da Polícia Federal, Fábio Shor, responsável por conduzir investigações relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. A publicação resultou em uma nova operação da PF em 2024, que o proibiu de utilizar redes sociais e determinou a entrega de seus passaportes. Em resposta à determinação, o senador chegou a alegar que entregaria os documentos em momento posterior, o que ainda não ocorreu formalmente. Marcos do Val já havia sido alvo de outra operação em 2023, quando teve perfis suspensos e se afastou por 40 dias do Senado, alegando perseguição. Na época, também recuou de uma denúncia contra Bolsonaro, a quem inicialmente acusara de tramar um plano para grampear o ministro Alexandre de Moraes. Após repercussões negativas, voltou atrás nas declarações, isentou o ex-presidente e passou a fazer críticas ao próprio Moraes. Nos últimos meses, intensificou o discurso de que estaria sofrendo censura e chegou a afirmar, em um gesto dramático, que dormiria no plenário do Senado por alegada falta de recursos financeiros. O Supremo determinou ainda o bloqueio de R\$ 50 milhões das contas do senador, medida que segue vigente. A situação atual, em que o parlamentar realiza viagem internacional mesmo sob ordens restritivas, reabre a discussão sobre os limites da imunidade parlamentar, a atuação do Judiciário e o uso de passaportes diplomáticos como instrumento de escudo político.
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