terça-feira, 12 de agosto de 2025

COLUNA POLÍTICA | BRASIL | NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

JUÍZO FINAL DE BOLSONARO SE APROXIMA EM MEIO A APELOS INTERNACIONAIS, ISOLAMENTO E DIVISÃO NO PAÍS
JUÍZO FINAL DE BOLSONARO SE APROXIMA ENTRE PRESSÕES E DIVISÃO NO PAÍS

O Supremo Tribunal Federal (STF) se encaminha para a fase decisiva do julgamento que pode selar o destino político e jurídico do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Até a próxima quarta-feira, 13 de agosto, os sete réus apontados como núcleo central da suposta tentativa de golpe devem apresentar suas alegações finais, última etapa antes da sentença que poderá resultar na condenação definitiva e na consequente inelegibilidade prolongada do ex-mandatário.

Desde o início do processo, o caso tem sido um dos episódios mais intensos e polarizadores da história recente do Brasil, colocando em xeque a estabilidade das instituições democráticas e a independência do Judiciário frente a pressões políticas internas e externas.

PRISÃO DOMICILIAR E CERCO JUDICIAL
Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de julho, após descumprir uma série de medidas impostas pelo STF ao longo do processo. Entre as restrições estão o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, o bloqueio do acesso a aparelhos celulares e a limitação rigorosa no número de visitas. Essas medidas refletem o esforço do Judiciário para garantir o controle e o monitoramento do ex-presidente, que mantém contato apenas com um círculo restrito de aliados e familiares.

O isolamento político e social tem sido interpretado por Bolsonaro e seus defensores como uma perseguição, reforçando uma narrativa de cerco judicial e político, que busca mobilizar sua base conservadora e religiosa — grupos que, até hoje, compõem seu principal suporte eleitoral.

A INFLUÊNCIA EXTERNA: APELOS A DONALD TRUMP
Em uma tentativa clara de quebrar o isolamento e ganhar protagonismo internacional, a base política de Bolsonaro recorreu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, figura emblemática do populismo de direita mundial e aliado ideológico do brasileiro.

Trump, em seus discursos recentes, qualificou o julgamento no Brasil como uma “caça às bruxas” e afirmou que “Bolsonaro não é culpado de nada”. Contudo, essa solidariedade foi acompanhada de medidas controversas: a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e o anúncio de possíveis sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF. Esses atos foram amplamente interpretados como ingerência direta nos assuntos internos do Brasil.

Especialistas e analistas políticos alertam que, longe de beneficiar Bolsonaro, a intervenção externa pode ampliar a rejeição ao ex-presidente dentro do país, alimentando a percepção de que ele dependeria de forças estrangeiras para sua sobrevivência política.

REAÇÃO DO GOVERNO E DEFESA DA SOBERANIA NACIONAL
Em contrapartida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou a importância da soberania nacional e da autonomia dos poderes. Em pronunciamentos públicos, Lula deixou claro que o Brasil não negociará sua independência política diante de pressões externas e que respeita o funcionamento do sistema judicial.

Essa posição reforça o compromisso do governo com a democracia e com o Estado de Direito, numa demonstração de força institucional diante de tentativas de influências externas que, para muitos, configuram uma ameaça à ordem constitucional.

DIVISÃO DA OPINIÃO PÚBLICA E O CENÁRIO ELEITORAL
Pesquisas de opinião recente revelam que a população brasileira está dividida quanto às medidas judiciais aplicadas a Bolsonaro. Enquanto 53% apoiam a prisão domiciliar do ex-presidente, 47% consideram que a medida é excessiva. Esse cenário polarizado indica que a questão judicial atravessa diretamente o sentimento dos eleitores e terá impacto significativo nas eleições de 2026.

O julgamento no STF ganha, assim, dimensão política, interferindo nas candidaturas conservadoras e nas alianças de centro-direita, que precisam recalibrar suas estratégias diante do possível afastamento definitivo de Bolsonaro da disputa eleitoral.

UM TESTE PARA A DEMOCRACIA BRASILEIRA
Mais do que uma questão individual, o processo judicial contra Bolsonaro representa um momento emblemático para a democracia brasileira. O STF, como guardião da Constituição, enfrenta o desafio de garantir a independência do Judiciário frente às pressões políticas internas e a interferências externas.

A sentença que se aproxima não definirá apenas o futuro de um ex-presidente, mas também a capacidade do Brasil de resistir a desafios institucionais sem comprometer seus princípios democráticos. O resultado desse “juízo final” poderá consolidar uma narrativa sobre o fortalecimento ou a fragilidade da democracia brasileira na era pós-1988, após décadas de construção institucional. É isso!

Nenhum comentário: