HUGO MOTTA NO OLHO DO FURACÃO E A HORA DA VERDADE
UMA PRESIDÊNCIA NA CORDA BAMBA
Hugo Motta ainda nem esquentou de vez a cadeira da presidência da Câmara e já se vê em meio a um vendaval político. O episódio da invasão da Mesa Diretora por deputados bolsonaristas não foi só constrangedor, e sim, foi um teste brutal de autoridade. E a verdade é que, por mais que tenha tentado minimizar, Motta não controlou a cena. Foi salvo por Arthur Lira, que agiu rápido e garantiu que a coisa não degringolasse de vez. Para um presidente que quer se mostrar dono do plenário, depender do padrinho político não é o cartão de visitas ideal. Vamos dar uma passada aqui NA LUPA.
A SOMBRA DE ARTHUR LIRA
É impossível falar de Hugo Motta sem falar de Arthur Lira. O ex-presidente da Câmara ainda circula pelos corredores como se fosse o dono do pedaço. Foi ele quem acalmou ânimos e costurou o armistício momentâneo. Para alguns deputados, Motta ainda governa com as rédeas nas mãos de Lira. Para outros, é questão de tempo para que corte esse cordão umbilical. Mas o episódio mostrou que essa independência, se vier, será dolorosa e cheia de tropeços.
PUNIÇÃO OU PASSAPANO?
O grande dilema agora é decidir como lidar com os invasores da Mesa Diretora. Aplicar punição pesada e exemplar? Ou suavizar para evitar que a crise vire uma guerra declarada? Brasília é especialista em “passar pano” quando convém. E é aí que o estilo Motta será testado. Um recuo pode ser visto como fraqueza; um endurecimento excessivo, como perseguição. Em ambos os casos, a base bolsonarista está pronta para explorar o discurso que melhor lhe convier.
A PRESSÃO DAS VOTAÇÕES
Se tem algo que derruba presidente da Câmara mais rápido que crise é pauta travada. Motta precisa votar projetos — e votar rápido. A reunião de líderes deixou uma lista de demandas que mistura interesses do governo e da oposição. Para a base governista, este é o momento de avançar com projetos estratégicos; para a oposição, é a chance de arrancar concessões. Se Motta não entregar, corre o risco de ver o plenário virar um ringue político diário.
A CARTA DO FIM DO FORO PRIVILEGIADO
Colocar o fim do foro privilegiado em pauta é, ao mesmo tempo, ousadia e estratégia de sobrevivência. Agrada parte da direita, agrada setores da opinião pública e serve como cortina de fumaça para outras tensões. Mas não é um tema simples pois mexe com interesses de praticamente todo o Congresso. Se der errado, pode virar munição contra ele. Se der certo, será um trunfo raro e poderoso.
A SAGACIDADE POSTA À PROVA
Até aqui, Motta construiu imagem de político ágil e negociador, capaz de acalmar crises nos bastidores. Mas agora o jogo é outro. O ataque do PL à Mesa Diretora não foi só um ato simbólico, foi um recado claro de que há quem queira testar sua paciência, seu pulso e seus limites. No xadrez da Câmara, qualquer movimento em falso pode custar a partida inteira.
UM CONGRESSO INFLAMADO
A invasão foi só mais um capítulo de um Congresso que vive inflamado. Cada gesto vira espetáculo, cada frase é explorada ao máximo, cada tropeço é ampliado em tempo real. O clima é de instabilidade permanente. Deputados já falam nos corredores que, se Motta não controlar a narrativa agora, ficará refém de crises semanais e ninguém sobrevive muito tempo assim.
O LEGADO EM RISCO
Hugo Motta está no olho do furacão e não há saída fácil. Ou assume o comando da Câmara de maneira incontestável ou será lembrado como o presidente que precisou do padrinho até para conter invasões no plenário.
Seu legado depende dessa semana: punir, votar e acalmar. Se conseguir, sairá mais forte. Se fracassar, será engolido pelo mesmo plenário que hoje preside. Em Brasília, liderança não se herda, se conquista, e rápido. É isso aí.
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