terça-feira, 19 de agosto de 2025

CPI DA PUBLICIDADE: ÁLVARO E PSB DÃO BOTE E DESORGANIZAM BASE DE RAQUEL LYRA NA ALEPE


Um verdadeiro jogo de xadrez político tomou conta da Assembleia Legislativa de Pernambuco ontem, quando o PSB protagonizou uma manobra estratégica que surpreendeu a base governista da governadora Raquel Lyra (PSD). A expectativa inicial era de que a situação da CPI da publicidade se mantivesse sob controle do bloco palaciano, formado por PSDB, MDB e PRD, mas os socialistas resolveram abrir mão dos deputados Diogo Moraes, Waldemar Borges e Júnior Matuto, mudando completamente a configuração do colegiado. Com isso, o comando da comissão passou a ser liderado pelos três opositores, deixando o Governo em uma posição de vulnerabilidade inédita, após recentes derrotas em decisões importantes da Assembleia. A reviravolta política não se restringiu apenas à CPI: episódios anteriores já demonstravam a força da oposição, como a tomada da Mesa Diretora e das presidências da CCLJ, da Comissão de Finanças e da Comissão de Administração por parlamentares contrários ao Palácio do Campo das Princesas.

O Governo ainda tentou reagir, angariando o apoio de dois deputados do PL, Abimael Santos e Joel da Harpa, que assinaram o pedido de instalação da CPI, mas o movimento não foi suficiente para impedir o impacto da manobra do PSB. Nos bastidores, circulou intensamente a avaliação de que a ausência de articulação política efetiva, que se arrasta desde janeiro de 2023, vem resultando em derrotas estratégicas justamente em momentos cruciais para o Executivo estadual. Embora no plenário o Governo ainda disponha da maioria necessária para aprovar projetos de interesse próprio, a dificuldade em consolidar votos tem se mostrado um desafio constante. Um exemplo recente ocorreu na semana passada, quando faltou quórum para aprovar a indicação de Virgílio Oliveira para administrar Fernando de Noronha, sendo necessário recorrer a votos da oposição para validar a escolha, quase cinco meses após a primeira tentativa.

A movimentação do PSB evidencia a capacidade do partido em atuar como força independente dentro da Alepe, explorando falhas de articulação do Governo e assumindo protagonismo em momentos decisivos. A base de Raquel Lyra, apesar de ainda controlar a tramitação de projetos, precisa lidar com uma oposição cada vez mais organizada e com articulações internas que minam a estabilidade da governabilidade. Cada derrota parcial é interpretada como um alerta nos gabinetes, reforçando a necessidade de negociação contínua e de aproximação com parlamentares que possam garantir votos-chave. A instabilidade política gerada pela mudança de posicionamento dos deputados socialistas mostra que o cenário legislativo permanece dinâmico, com alianças se alterando rapidamente e o poder de decisão se tornando cada vez mais disputado. A CPI da publicidade, portanto, tornou-se mais do que uma investigação: é um teste de força e habilidade política entre Governo e oposição, refletindo a complexidade das relações internas da Alepe. A pressão sobre a governadora e sua equipe de articulação se intensifica, ao mesmo tempo em que a oposição comemora ganhos simbólicos e estratégicos que colocam em xeque a condução política do Executivo no Legislativo.

Nenhum comentário: