O Governo ainda tentou reagir, angariando o apoio de dois deputados do PL, Abimael Santos e Joel da Harpa, que assinaram o pedido de instalação da CPI, mas o movimento não foi suficiente para impedir o impacto da manobra do PSB. Nos bastidores, circulou intensamente a avaliação de que a ausência de articulação política efetiva, que se arrasta desde janeiro de 2023, vem resultando em derrotas estratégicas justamente em momentos cruciais para o Executivo estadual. Embora no plenário o Governo ainda disponha da maioria necessária para aprovar projetos de interesse próprio, a dificuldade em consolidar votos tem se mostrado um desafio constante. Um exemplo recente ocorreu na semana passada, quando faltou quórum para aprovar a indicação de Virgílio Oliveira para administrar Fernando de Noronha, sendo necessário recorrer a votos da oposição para validar a escolha, quase cinco meses após a primeira tentativa.
A movimentação do PSB evidencia a capacidade do partido em atuar como força independente dentro da Alepe, explorando falhas de articulação do Governo e assumindo protagonismo em momentos decisivos. A base de Raquel Lyra, apesar de ainda controlar a tramitação de projetos, precisa lidar com uma oposição cada vez mais organizada e com articulações internas que minam a estabilidade da governabilidade. Cada derrota parcial é interpretada como um alerta nos gabinetes, reforçando a necessidade de negociação contínua e de aproximação com parlamentares que possam garantir votos-chave. A instabilidade política gerada pela mudança de posicionamento dos deputados socialistas mostra que o cenário legislativo permanece dinâmico, com alianças se alterando rapidamente e o poder de decisão se tornando cada vez mais disputado. A CPI da publicidade, portanto, tornou-se mais do que uma investigação: é um teste de força e habilidade política entre Governo e oposição, refletindo a complexidade das relações internas da Alepe. A pressão sobre a governadora e sua equipe de articulação se intensifica, ao mesmo tempo em que a oposição comemora ganhos simbólicos e estratégicos que colocam em xeque a condução política do Executivo no Legislativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário