A investigação da Polícia Federal sobre Jair Bolsonaro ganhou um novo e explosivo capítulo nesta quarta-feira (20), com a revelação de que o ex-presidente chegou a planejar uma fuga para a Argentina em busca de proteção política. O indiciamento, que já vinha sendo aguardado com expectativa nos bastidores, foi acompanhado da informação de que a PF encontrou no celular de Bolsonaro um rascunho de carta endereçada ao presidente argentino, Javier Milei, solicitando “asilo político em caráter de urgência”. O documento, em formato digital e sem assinatura, levantou suspeitas sobre o real temor do ex-chefe do Executivo em relação ao avanço das investigações que o cercam no Brasil.
De acordo com a GloboNews, o arquivo foi detectado no smartphone do ex-presidente durante perícia realizada pelos investigadores. A peça, embora não estivesse datada oficialmente, trazia metadados que apontam que a sua elaboração começou ainda em fevereiro de 2024, período em que Bolsonaro já enfrentava restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal e era alvo de sucessivas operações policiais. O conteúdo da minuta, segundo apurações, descrevia a necessidade de um abrigo imediato em território argentino, justificando a solicitação como consequência de perseguições políticas que, na visão de Bolsonaro, estariam sendo conduzidas por autoridades brasileiras.
A descoberta da minuta de carta a Milei reforça a tese da PF de que Bolsonaro considerava romper de forma drástica com o cenário nacional e buscar apoio junto a um aliado ideológico. Javier Milei, conhecido por sua proximidade com a direita internacional e por manter relação cordial com Bolsonaro, surgia como figura central no plano de fuga. O pedido de asilo, se tivesse sido oficializado, colocaria a diplomacia dos dois países em uma posição delicada, já que o Brasil poderia acionar mecanismos internacionais para tentar repatriar o ex-presidente em caso de acolhimento pela Casa Rosada.
A situação descrita pelos investigadores revela um Bolsonaro acuado, ciente do risco de novas medidas judiciais, incluindo prisão preventiva, diante das acusações de participação em articulações golpistas e de descumprimento de medidas cautelares impostas pelo Supremo. A inclusão da tentativa de fuga na lista de indícios aumenta o peso político e jurídico sobre o ex-presidente, que nos últimos meses buscava manter um discurso de resistência e negação das acusações. A revelação, porém, abre uma fissura em sua narrativa e sugere que a confiança na própria capacidade de enfrentar o sistema de justiça brasileira era menor do que deixava transparecer publicamente.
Fontes ligadas à investigação afirmam que a carta não foi enviada e que não há registro oficial de comunicação com a Presidência da Argentina, mas a simples existência do arquivo é considerada pela PF como prova do planejamento. A descoberta pode desencadear novos desdobramentos tanto no campo judicial quanto no político, já que expõe o ex-presidente em uma posição vulnerável e contraditória diante de sua base de apoiadores. O caso também lança dúvidas sobre até que ponto Bolsonaro estaria disposto a permanecer no país para enfrentar os processos em curso, alimentando especulações sobre novas tentativas de buscar refúgio no exterior caso as investigações avancem de maneira ainda mais contundente.
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