Uma das casas beneficiadas pertence ao senhor Hamilton Caetano Gomes, morador há quase seis décadas da região. Ele contou que vivia noites de insônia, com receio de que a barreira desabasse sobre sua residência. Com o muro de contenção concluído em julho, Hamilton agora pode dormir tranquilo ao lado da filha e do neto. O que torna a história ainda mais simbólica é o fato de que a obra de Hamilton contou com o trabalho voluntário de Daniel, seu vizinho e também beneficiado pelo programa. Morador da casa logo acima, Daniel já havia feito a contenção de sua própria residência e, com experiência adquirida, ajudou a erguer a estrutura que agora protege a família do amigo. Esse espírito de solidariedade entre os moradores é justamente uma das marcas do Programa Parceria, que propõe uma cooperação direta entre a Prefeitura e a comunidade: o poder público entra com o projeto, o material e a assistência técnica, enquanto os moradores oferecem a mão de obra.
Coordenado pela Secretaria Executiva de Defesa Civil do Recife (Sedec), o Parceria promove intervenções tanto em morros quanto em áreas planas, oferecendo soluções como rip rap, tela argamassada e alvenaria armada, além de melhorias habitacionais e de infraestrutura, como drenagem, corrimãos e acessibilidade. Só nos últimos quatro anos, mais de 4.200 obras foram finalizadas através da iniciativa, que continua em 2025 com a previsão de outras 1.200 ações. O reconhecimento ao programa foi além das fronteiras da cidade: o Parceria recebeu o Pergaminho de Honra do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), considerada a mais alta distinção mundial na área de habitação sustentável.
O investimento na Travessa Alto Santa Luzia foi relativamente modesto — cerca de R\$ 12,5 mil — mas o impacto foi profundo, especialmente para famílias que agora podem viver com segurança em suas casas. A obra é um exemplo do compromisso da Prefeitura com a preservação da vida em áreas de risco, articulando engenharia, participação social e planejamento urbano. As ações que compõem a Ação Inverno 2025 incluem ainda intervenções no Rio Tejipió, a construção de reservatórios de contenção de cheias na Imbiribeira, urbanização de comunidades afetadas por enchentes e obras estruturais em pontos críticos de alagamento. Com essas medidas, a gestão busca transformar a relação da cidade com seu relevo e seu regime de chuvas, adotando soluções permanentes em áreas historicamente vulneráveis. Em Nova Descoberta, a obra pode parecer pequena no mapa geral dos investimentos, mas representa um marco na vida de Hamilton, de Daniel e de todos os que vivem à sombra das encostas recifenses.
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