Greovário Nicollas.
Após pouco mais de dois anos à frente da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), o ex-deputado federal Danilo Cabral foi oficialmente demitido do cargo, em um movimento silencioso, porém articulado por lideranças políticas do Ceará ligadas ao próprio Partido dos Trabalhadores (PT). A exoneração, além de representar um gesto de ingratidão com quem devolveu relevância à autarquia, expõe uma fragilidade grave no PT pernambucano, liderado pelo senador Humberto Costa.
Danilo assumiu a SUDENE com o desafio de reerguer uma instituição historicamente sucateada. Conseguiu avançar em pautas importantes, dar visibilidade à autarquia e ampliar sua capacidade de articulação junto aos governos estaduais e investidores. No entanto, seu perfil técnico e seu estilo discreto não atenderam aos interesses de alas mais fisiológicas do partido, especialmente as que orbitam a influência de lideranças cearenses como Elmano de Freitas , Camilo Santana e José Guimarães.
O processo de fritura política começou de forma silenciosa, mas constante: exclusão de agendas, perda de protagonismo institucional e, finalmente, o isolamento. Nenhuma voz de peso do PT pernambucano se levantou em sua defesa, nem mesmo o senador Humberto Costa. O resultado é um constrangimento nacional para o grupo de Pernambuco, que demonstra estar perdendo força política dentro do próprio governo Lula.
Em nota oficial, Danilo confirmou a demissão com dignidade e firmeza:
“Fui comunicado de meu desligamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), após dois anos e dois meses de intensa dedicação. Foi uma honra servir ao Brasil, em especial ao povo nordestino, nesse período desafiador e transformador.
Agradeço ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Waldez Góes pela confiança, e à valorosa equipe da Sudene pelo trabalho conjunto que realizamos.
Deixo o cargo com a convicção do dever cumprido. A SUDENE VOLTOU.
Agradeço também a todas as manifestações de apoio e solidariedade recebidas nos últimos dias. Continuarei atuando em favor do desenvolvimento do Nordeste — especialmente de Pernambuco, minha terra natal — com o olhar firme na superação das desigualdades e na melhoria da qualidade de vida do nosso povo.
A luta por Pernambuco é minha missão de vida. Seguiremos juntos.” Finalizou Danilo.
Apesar do tom institucional, o conteúdo revela a dor de uma demissão injusta e mal explicada. Danilo sai pela porta da frente, com o reconhecimento de quem trabalhou com seriedade e resultados. Mas a forma como foi retirado do cargo indica um grave desrespeito político. Mais do que uma mudança administrativa, a saída de Danilo é o símbolo uma vergonha e de um momento de esvaziamento do PT pernambucano, que perdeu espaço, prestígio e voz dentro da máquina federal. O Ceará, mais articulado e coeso, avança; Pernambuco recua em silêncio. Para o senador Humberto Costa que vive na cúpula do PT, chegando até a ocupar a presidência nacional do partido, a vergonha é dupla.
A pergunta que emerge é: o PT de Pernambuco ainda tem força para indicar e manter quadros em posições estratégicas? Ou virou apenas coadjuvante em um governo que ajudou a eleger, mas que hoje parece ignorá-lo? O tempo dirá. Por ora, o fato está consumado: Danilo Cabral foi rifado. E o PT pernambucano assiste, envergonhado, a mais um capítulo de sua perda de relevância nacional.
*Articulista, Periodista e Colaborador do Blog do Edney*
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