terça-feira, 26 de agosto de 2025

PESQUEIRA E O PODER DO CACIQUE: VETO DE MARCOS É MANTIDO E MOTOTAXISTAS FICAM NA CHUVA, NO SOL, NO TEMPO...

Em Pesqueira, a rotina política ganhou um capítulo que mistura reviravolta, bastidores e uma dose amarga de contradição. Tudo começou quando os mototaxistas, cansados de enfrentar o sol escaldante e as chuvas repentinas da cidade, encontraram no projeto do vereador Evando Júnior uma esperança de dignidade. A proposta simples, autorizando a instalação de tendas nos pontos de trabalho, foi aprovada pela Câmara Municipal em gesto que parecia alinhar os vereadores às necessidades da população. O alívio, no entanto, durou pouco.

O prefeito Marcos Cacique vetou o projeto e devolveu à Casa Legislativa a decisão final. O veto, por semanas, foi mantido na gaveta do presidente da Câmara, Guila, sobrinho do próprio prefeito. Até que, na véspera da votação, o documento foi liberado, mas não sem estratégia: a sessão foi antecipada para a tarde, movimento que reduziu as chances de mobilização e protesto dos mototaxistas. Foi nesse cenário discreto, quase silencioso, que a história mudou de rumo.

Na hora do voto, quem antes dizia “sim” passou a dizer “não”. Alguns vereadores, que haviam garantido a aprovação da proposta, acompanharam a decisão do prefeito e optaram por manter o veto. A categoria, que confiava na palavra empenhada, assistiu a uma guinada que escancarou a fragilidade do compromisso político. A Câmara que deveria fiscalizar e representar o povo, preferiu alinhar-se ao Executivo, deixando a impressão de que a força do “cacique” pesa mais do que o direito do trabalhador.

Nos corredores e nas ruas, a decepção tomou forma. Os mototaxistas se viram abandonados e sem a mínima estrutura para continuar prestando um serviço essencial para a cidade. O episódio revelou não apenas uma derrota da categoria, mas a forma como o poder político se articula em Pesqueira, com a Câmara servindo mais como extensão do Executivo do que como um espaço independente de debate e decisão.

De viagem ao Recife, o delegado Rossine não deixou de comentar o desfecho. Para ele, a decisão da Câmara representa um retrocesso e mostra que a classe trabalhadora foi colocada em segundo plano diante da conveniência política. Sua fala ganhou eco entre os mototaxistas e parte da população, reforçando o sentimento de que em Pesqueira a obediência ao prefeito está acima do compromisso público.

Assim, a disputa por tendas, aparentemente pequena, revelou uma cena maior: vereadores sem firmeza, um prefeito com poder absoluto e uma categoria que luta para ser ouvida, mas que terminou exposta à mesma realidade de sempre — sol, chuva e a certeza de que no jogo político de Pesqueira manda quem pode, obedece quem tem juízo. E assim segue a saga da terra do doce e da renda em mais um capítulo!

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