O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou repercussão ao incluir Brasília em uma lista de “capitais violentas” durante coletiva na segunda-feira (11), em que anunciou a mobilização de tropas da Guarda Nacional para Washington, diante dos recentes episódios de violência na capital norte-americana. Trump citou Brasília junto com outras capitais latino-americanas, como Bogotá, Lima e Cidade do México, como exemplos de locais com altos índices de violência. “Washington tem o dobro, o triplo de violência de todas elas. Você gostaria de morar em um lugar assim? Acho que não. As outras cidades são bem ruins, mas não tão ruins quanto Washington”, afirmou o presidente em tom enfático. A declaração, porém, contrasta com dados oficiais sobre homicídios nas duas cidades. Conforme o Atlas da Violência, em 2023 o Distrito Federal brasileiro registrou 347 homicídios, número superior aos 274 assassinatos contabilizados em Washington no mesmo período. Entretanto, a disparidade populacional entre as duas regiões é significativa: Washington tem uma população estimada em 687.324 pessoas, menos de um quarto da população estimada do Distrito Federal, que alcança 2,81 milhões de habitantes. Considerando esses números, Brasília apresenta uma taxa de homicídios de 12,3 por 100 mil habitantes em 2023, enquanto Washington registra uma taxa mais elevada, de 39,86 por 100 mil habitantes. Na coletiva, Trump utilizou números ligeiramente diferentes, apontando para 13 homicídios por 100 mil habitantes em Brasília e 41 por 100 mil em Washington, valores próximos aos dados oficiais, mas ainda assim refletindo a discrepância entre as cidades. Essa comparação tem gerado debates acerca da percepção e da realidade dos índices de violência nas capitais. Brasília, apesar de ser frequentemente vista como uma cidade com segurança relativa, apresenta um índice de homicídios que, apesar de inferior ao de Washington em termos proporcionais, ainda representa um desafio para as políticas públicas de segurança. Washington, por sua vez, enfrenta problemas de violência urbana, especialmente relacionados a crimes armados, que impactam a sensação de segurança e a qualidade de vida dos seus moradores. A mobilização da Guarda Nacional anunciada por Trump tem como objetivo reforçar a segurança e conter possíveis episódios de desordem na capital americana. A comparação feita por Trump, ainda que baseada em dados próximos dos oficiais, foi utilizada para justificar a ação emergencial e evidenciar a gravidade da situação em Washington. Brasília, ao figurar entre as cidades citadas, levanta discussões sobre como a capital brasileira é percebida internacionalmente, principalmente em contextos políticos sensíveis. Os números revelam que, apesar de Brasília possuir um maior número absoluto de homicídios, a taxa proporcional de homicídios em Washington é significativamente maior, indicando um quadro mais crítico de violência relativa na capital americana. A análise estatística de crimes e segurança pública entre cidades de diferentes países demanda atenção às especificidades de cada local, incluindo população, estrutura social e econômica, além de fatores culturais e políticos que influenciam os índices criminais. O debate segue aberto em torno das comparações feitas e das medidas necessárias para enfrentar os desafios da segurança pública tanto em Brasília quanto em Washington, com atenção à complexidade que envolve a gestão da violência urbana.
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