O LANÇAMENTO DE IVAN MORAES
O PSOL oficializou um movimento ousado: lançar o jornalista e ex-vereador Ivan Moraes como pré-candidato ao governo de Pernambuco em 2026. Aos 49 anos, com trajetória ligada à defesa dos direitos humanos, comunicação e meio ambiente, Ivan assume um papel que não é de vitória imediata, mas de projeção estratégica. O PSOL sabe que sua candidatura dificilmente terá competitividade real no cenário estadual. No entanto, aposta no valor simbólico e político da presença em uma disputa majoritária. Vamos explicar aqui NA LUPA o objetivo dessa engenharia.
A ESTRATÉGIA DOS PARTIDOS NANICOS
Não é novidade que partidos pequenos se jogam em campanhas majoritárias com objetivos que vão além da vitória nas urnas. A lógica é clara: ocupar espaço no debate, garantir tempo de mídia e se apresentar ao eleitorado de forma orgânica. Ivan Moraes não entra na disputa para se tornar governador, mas para fincar bandeiras, aparecer no guia eleitoral e sedimentar o nome do partido no imaginário popular. Trata-se de uma jogada de médio e longo prazo, mirando 2028, quando o eleitorado voltará às urnas para escolher prefeitos e vereadores.
UM PERFIL DE ESQUERDA MARCANTE
O ex-vereador do Recife construiu sua identidade política em torno da defesa dos direitos humanos, sempre batendo na tecla da comunicação popular, do direito à cidade e da inclusão social. Sua passagem pela Câmara Municipal foi marcada por iniciativas progressistas, como a lei que garantiu fraldários acessíveis a homens e mulheres em shoppings. Esse repertório de atuação serve de cartão de visitas para apresentar ao eleitorado pernambucano um perfil de esquerda legítimo, militante e engajado, ainda que pouco viável no confronto direto com máquinas políticas robustas.
O PSOL EM BUSCA DE SOBREVIVÊNCIA
O lançamento da pré-candidatura de Ivan Moraes traduz a busca do PSOL por relevância em Pernambuco. Um partido que, até aqui, não conseguiu estruturar bases eleitorais consistentes, aposta na visibilidade de 2026 para colher frutos nas eleições seguintes. A meta não é o Palácio do Campo das Princesas, mas ao menos duas cadeiras na Assembleia Legislativa e uma vaga na Câmara Federal. Se conseguir transformar votos de opinião em mandatos proporcionais, a candidatura terá cumprido com louvor seu papel estratégico.
A LÓGICA DA POLÍTICA DE OPINIÃO
Campanhas de partidos pequenos raramente convencem o eleitor médio, aquele que vota pensando em quem governa melhor. Mas têm forte impacto entre nichos de opinião: militantes, universitários, defensores de causas sociais e ambientais. São esses segmentos que o PSOL mira ao colocar Ivan Moraes na vitrine. Dois anos depois, na eleição municipal, esse eleitorado tende a se mobilizar em torno das candidaturas locais do partido, reforçando a militância e garantindo presença institucional.
A MEMÓRIA DO ELEITOR
Um aspecto pouco discutido, mas fundamental, é a memória política. O eleitor lembra dos nomes que aparecem em debates, entrevistas e propagandas de rádio e TV. Ivan Moraes, mesmo sem chances reais de governo, entra para a prateleira de figuras políticas reconhecidas. Esse reconhecimento, ainda que limitado, tem peso na hora de consolidar campanhas futuras. O PSOL sabe disso e joga o jogo com consciência: perder hoje para colher amanhã.
O DESAFIO DA FRAGMENTAÇÃO
Se por um lado o PSOL fortalece sua imagem, por outro contribui para a fragmentação da esquerda em Pernambuco. Candidaturas nanicas, ainda que simbólicas, retiram espaços de unidade contra blocos políticos tradicionais. Essa divisão não é novidade, mas tende a dificultar a construção de uma frente ampla competitiva. A esquerda local, mais uma vez, corre o risco de se pulverizar em nomes e discursos que não dialogam diretamente com a necessidade de conquistar poder efetivo.
UM JOGO DE LONGO PRAZO
Ivan Moraes representa a estratégia clássica dos partidos pequenos: disputar para marcar posição. O PSOL não sonha com o governo estadual agora, mas busca sedimentar sua presença no cenário político pernambucano. Se conseguir emplacar deputados e vereadores em 2026 e 2028, terá dado passos consistentes para se firmar como força de opinião. Até lá, sua candidatura será lembrada como mais um capítulo da luta dos pequenos que, mesmo com chance zero de vitória, se movem pelo jogo maior da política: existir, resistir e se projetar. É isso aí
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