segunda-feira, 22 de setembro de 2025

ESQUERDA VOLTA ÀS RUAS: MULTIDÕES SE MOBILIZAM CONTRA PL DA ANISTIA E PEC DA BLINDAGEM

Depois de anos sem conseguir reunir grandes multidões, a esquerda e os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltaram a ocupar as ruas de diversas capitais brasileiras neste domingo (21/9). As manifestações ganharam força em um cenário marcado por discussões sobre o PL da Anistia e a PEC da Blindagem, esta última já aprovada pela Câmara dos Deputados e atualmente em análise no Senado.

As imagens captadas nos atos mostram dezenas de milhares de pessoas marchando pelas avenidas, segurando bandeiras, cartazes e faixas que criticavam as medidas do Congresso. Em diversas cidades, como São Paulo, Brasília, Recife e Porto Alegre, a presença popular surpreendeu especialistas em mobilização política, apontando um possível ponto de virada para a esquerda no que diz respeito à capacidade de engajamento popular.

Historicamente, a primazia de grandes mobilizações vinha sendo da direita, especialmente nas manifestações em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contra decisões do STF (Supremo Tribunal Federal). Nos últimos anos, foram essas manifestações que marcaram presença maciça nas ruas do país, enquanto a esquerda enfrentava dificuldades para reunir multidões expressivas.

O histórico recente da esquerda inclui episódios de baixa adesão, como o 1º de maio de 2023, quando algumas milhares de pessoas se concentraram na Avenida Paulista, mesmo com a presença de Lula no palanque, em um momento em que a mobilização ainda tentava se recuperar após os eventos do 8 de Janeiro.

As manifestações de domingo, no entanto, indicam uma mudança de cenário. Entre os participantes, havia uma mistura de militantes históricos, jovens engajados nas redes sociais e cidadãos comuns que se aproximaram do movimento em defesa de pautas consideradas democráticas e de combate a medidas vistas como favorecimento político ou legal a figuras do governo.

Nos atos, o clima foi de protesto, mas também de celebração cívica, com discursos, música e faixas com mensagens de resistência política. Analistas apontam que a presença expressiva de público em diversas capitais reforça a estratégia da esquerda de retomar protagonismo nas ruas, consolidando sua capacidade de mobilização em um momento decisivo do cenário político.

Além da crítica direta ao PL da Anistia e à PEC da Blindagem, as manifestações funcionaram como um termômetro da insatisfação popular com medidas que, segundo os manifestantes, podem enfraquecer a fiscalização e a responsabilização de agentes públicos.

O engajamento expressivo sugere que a esquerda encontra novas formas de atrair adesão, incluindo articulação digital e mobilização local, enquanto busca consolidar pautas centrais de justiça, democracia e direitos civis. Especialistas consideram que esses atos podem influenciar o debate no Senado, onde a PEC ainda está em análise, além de fortalecer o apoio político e a visibilidade pública do PT e de Lula.

As ruas tomadas por manifestantes neste domingo simbolizam não apenas um retorno da esquerda às grandes mobilizações, mas também um cenário político em transformação, em que o confronto entre poderes e interesses legislativos se reflete diretamente na participação popular e na pressão social sobre as decisões do Congresso Nacional.

O evento demonstra que, mesmo depois de anos de dificuldades, a esquerda consegue reconstruir espaços de diálogo e protesto com a sociedade, indicando que o calendário político de 2025 pode ser marcado por novas demonstrações de força popular, agora mais organizadas e visíveis nas capitais brasileiras.

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