Conhecido como “O Bruxo dos Sons”, Hermeto nasceu em Lagoa da Canoa (AL) e desde cedo mostrou que enxergava música em tudo: do som do vento ao barulho da água, dos ruídos da cidade aos instrumentos tradicionais. Essa visão revolucionária o levou a ser reconhecido como um dos artistas mais criativos do século XX, celebrando a diversidade rítmica brasileira e ampliando fronteiras sonoras no jazz, na música popular e na erudita.
Internado no Hospital Samaritano Barra desde o fim de agosto, Hermeto lutava contra a doença com a mesma coragem com que encarou a vida. A notícia de sua morte foi confirmada pela família em comunicado nas redes sociais, gerando uma onda de comoção entre músicos, críticos e fãs em todo o mundo.
A carreira de Hermeto foi marcada por encontros históricos. Tocou ao lado de Miles Davis, Airto Moreira e Egberto Gismonti, além de liderar grupos memoráveis. Seu disco “Slaves Mass”, de 1977, é considerado uma obra-prima e ainda inspira novas gerações. A capacidade de improvisar e de transformar o cotidiano em música fez dele um símbolo de liberdade criativa.
O artista também deixou um legado de generosidade, sempre disposto a ensinar e incentivar jovens músicos. Para ele, a música era “um presente divino” e deveria estar ao alcance de todos, independentemente de técnica ou formação acadêmica.
Com sua partida, o país perde não apenas um músico, mas um visionário que enxergava poesia no som da vida. O mundo artístico se despede de Hermeto Pascoal com tristeza, mas também com gratidão pelo legado imensurável.
Sua obra continuará ecoando como um hino à inventividade, à brasilidade e à força transformadora da arte. Hermeto vive em cada nota, em cada improviso, em cada silêncio que se transforma em som.
O gênio se foi, mas a música de Hermeto Pascoal jamais morrerá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário