MDB DE PERNAMBUCO VIVE DISPUTA INTERNA DECISIVA SOBRE LIDERANÇA NA ALEPE

Na manhã desta quarta-feira (24), a direção executiva do MDB em Pernambuco se reúne com a bancada estadual para discutir um tema que promete mexer com os rumos políticos do partido: a definição de quem ocupará a liderança na Assembleia Legislativa. A decisão não se restringe apenas a nomes ou cargos, mas carrega em si o peso de escolher o futuro posicionamento da sigla em relação ao governo Raquel Lyra, algo que pode redefinir a dinâmica da Casa de Joaquim Nabuco.

De um lado está o deputado Jarbas Filho, atual líder, que defende a permanência do MDB na base governista, mantendo diálogo e apoio à gestão estadual. Jarbas argumenta que a governabilidade precisa ser preservada e que o partido pode conquistar mais espaço político mantendo-se próximo ao Palácio do Campo das Princesas. Essa postura, no entanto, não encontra unanimidade dentro do partido.

Do outro lado, com respaldo de figuras históricas e influentes da legenda, o deputado Waldemar Borges articula para que o MDB rompa com o governo e se posicione na oposição. Para ele, o partido precisa marcar território e fortalecer sua identidade própria, evitando ser apenas coadjuvante em decisões importantes. A movimentação tem ganhado força, sobretudo em meio à CPI da Publicidade, instaurada em agosto, que investiga contratos da comunicação governamental e onde a postura do MDB pode ser determinante.

A disputa vai além do simples embate entre dois deputados. Trata-se de um reflexo do dilema vivido pelo partido em nível estadual e nacional: ser base de apoio ou se consolidar como força crítica. Jarbas Filho, ciente da tensão, ressalta que, por ser o líder em exercício, o voto de minerva seria dele. Essa prerrogativa, no entanto, pode ser alterada caso haja mudança na composição da bancada, algo que circula nos bastidores com rumores de novas filiações ao partido.

Nos corredores da Alepe, o clima é de expectativa. Assessores, parlamentares e dirigentes comentam que a escolha de hoje pode ser um divisor de águas para a atuação do MDB em Pernambuco. Uma decisão pela base governista significaria manutenção de estabilidade e alinhamento com a governadora. Já a escolha pela oposição poderia levar a um novo capítulo de enfrentamentos, sobretudo em votações que exigem maioria simples, onde cada voto conta.

A reunião desta quarta promete, portanto, ser mais que um encontro interno. É um momento em que o MDB define se seguirá com a tradição de conciliação ou se abrirá espaço para uma guinada de enfrentamento, reposicionando seu papel no Legislativo estadual. O desfecho terá repercussões imediatas na CPI, na agenda política e no futuro das alianças partidárias no estado. O que está em jogo é, em última análise, a identidade do partido em Pernambuco e sua capacidade de influenciar os rumos do governo e da oposição.