A aprovação da chamada "PEC da Blindagem" (PEC 3/21) na Câmara dos Deputados, em 16 de setembro de 2025, gerou uma onda de arrependimento entre parlamentares que inicialmente apoiaram a proposta. A medida, que dificulta a abertura de processos criminais e prisões contra parlamentares, foi aprovada por 344 votos favoráveis e 133 contrários. No entanto, a repercussão negativa levou diversos deputados a se retratar publicamente, alegando terem sido enganados ou coagidos.
Deputados Arrependidos
Entre os parlamentares que expressaram arrependimento, destacam-se:-
Pedro Campos (PSB-PE): Em vídeo divulgado em suas redes sociais, Pedro Campos afirmou que seu voto a favor da PEC foi uma tentativa de barrar a análise de um requerimento de urgência para a anistia e garantir a votação de pautas prioritárias do governo. No entanto, ele reconheceu que essa estratégia não teve sucesso e pediu desculpas aos eleitores. Além disso, protocolou um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a votação da PEC.
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Silvye Alves (União-GO): A deputada admitiu que seu voto favorável à PEC foi um "erro gravíssimo". Ela revelou que, inicialmente, votou contra a proposta, mas cedeu a pressões de "pessoas influentes do Congresso" que a ameaçaram com possíveis retaliações. Silvye anunciou sua intenção de deixar o União Brasil na próxima janela partidária, em 2026.
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Merlong Solano (PT-PI): Em nota pública, Merlong Solano classificou seu voto favorável à PEC como um "grave equívoco". Ele explicou que a decisão foi motivada por tentativas de preservar o diálogo entre o PT e a presidência da Câmara dos Deputados, mas reconheceu que o acordo político foi rompido e a votação ocorreu sob sérias irregularidades.
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Thiago de Joaldo (PP-SE): O deputado afirmou que seu voto favorável à PEC foi um erro e destacou que "vergonha é insistir no erro; coragem é assumi-lo de frente e lutar para consertar". Ele se comprometeu a trabalhar para derrubar a PEC no Senado.
Repercussão Popular e Consequências
A reação da população foi imediata e contundente. Manifestações em diversas capitais brasileiras, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, expressaram indignação contra a PEC e os parlamentares que a apoiaram. Nas redes sociais, os eleitores cobraram explicações e punições para os deputados que, segundo eles, buscaram se proteger de investigações e processos judiciais.
Especialistas políticos apontam que o arrependimento público dos parlamentares pode não ser suficiente para reconquistar a confiança do eleitorado. A memória política do eleitor é curta, mas a percepção de que representantes eleitos tentaram blindar-se de responsabilidades pode ter efeitos duradouros nas próximas eleições.
Cenário no Senado
A PEC da Blindagem agora segue para o Senado, onde enfrenta resistência significativa. O relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alessandro Vieira (MDB-SE), informou que 51 senadores já se manifestaram publicamente contra a proposta, indicando uma provável rejeição no Senado.
É isso
O episódio revela não apenas a fragilidade das alianças políticas, mas também a importância da transparência e da responsabilidade dos parlamentares diante de suas decisões. O arrependimento público de alguns deputados é um reflexo da pressão popular e da necessidade de reconquistar a confiança dos eleitores. Resta saber se essa postura será suficiente para apagar a impressão deixada pela aprovação da PEC da Blindagem.
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