sexta-feira, 12 de setembro de 2025

POLÍCIA FEDERAL DESENCADEIA FASE CAMBOTA DA OPERAÇÃO SEM DESCONTO COM PRISÕES E MANDADOS EM BRASÍLIA E SÃO PAULO


A Polícia Federal deflagrou nesta semana a nova fase da Operação Sem Desconto, batizada de Cambota, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões. A ação resultou no cumprimento de dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão em diferentes endereços ligados aos investigados, incluindo Brasília e São Paulo. Entre os detidos está Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como peça central no esquema que teria movimentado milhões de reais de forma ilícita. Segundo os dados da investigação, Antunes teria recebido, por meio de associações envolvidas, cerca de R$ 53,9 milhões provenientes de descontos não autorizados aplicados sobre benefícios de aposentados e pensionistas em todo o país. O lobista foi localizado e preso em Brasília, onde se mantém à disposição das autoridades.

A Polícia Federal também cumpriu mandados de busca nos escritórios do advogado Nelson Willians, localizados nas capitais de São Paulo e Brasília, visando recolher documentos e registros que possam esclarecer a participação de operadores jurídicos no esquema. Além disso, o empresário Maurício Camisotti foi detido, sendo identificado como um dos responsáveis pela intermediação de recursos dentro da estrutura investigada. A autorização das prisões e das buscas foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), evidenciando a complexidade e o alcance nacional do caso, que envolve servidores públicos, intermediários e empresários ligados ao INSS.

As investigações apontam que Antônio Carlos Camilo Antunes funcionava como intermediário entre sindicatos e associações que cobravam contribuições de aposentados de forma irregular. Parte significativa dos valores obtidos indevidamente era repassada a servidores do Instituto, familiares destes e empresas vinculadas, caracterizando um sistema de corrupção sofisticado e altamente organizado. A operação Cambota busca identificar todas as conexões financeiras e administrativas do esquema, incluindo a origem e destino dos valores desviados.

Os mandados cumpridos abrangem residências, empresas e escritórios advocatícios, com a apreensão de documentos, computadores, celulares e outros materiais que possam fornecer provas sobre as práticas ilícitas. O esquema investigado teria afetado milhares de beneficiários do INSS, que tiveram descontos em seus benefícios sem qualquer autorização ou justificativa legal. As autoridades federais destacam que a atuação dos intermediários, incluindo o “Careca do INSS”, foi central para a manutenção da fraude, garantindo a circulação e ocultação dos recursos desviados.

A operação segue com análise detalhada das movimentações financeiras, contratos e comunicações entre os envolvidos, permitindo à Polícia Federal mapear a rede de beneficiários e responsáveis pelos desvios. A investigação também avalia o papel de associações e sindicatos na cobrança irregular, bem como a eventual conivência de servidores públicos em Brasília e outras regiões do país. O cumprimento dos mandados, autorizado pelo STF, demonstra a gravidade do caso e a necessidade de atuação em múltiplas frentes para desarticular o esquema, prevenindo que novos golpes contra aposentados e pensionistas sejam aplicados. A operação Cambota representa um dos esforços mais abrangentes da Polícia Federal para enfrentar fraudes em benefícios previdenciários em território nacional, revelando a complexidade das práticas criminosas e a articulação entre lobistas, empresários e servidores públicos para obtenção de vantagem financeira indevida.

Nenhum comentário: