sexta-feira, 26 de setembro de 2025

PREFEITOS SEM AMARRAS DE DEPUTADOS NÃO GARANTEM APOIO A RAQUEL LYRA PARA 2026

Greovário Nicollas
Um movimento recente tem chamado atenção nos bastidores da política pernambucana: a forte adesão de prefeitos ao PSD, partido comandado pela atual governadora. O fenômeno, à primeira vista, parece demonstrar força, mas pode esconder uma fragilidade estrutural. Afinal, prefeitos não possuem a mesma obrigação de fidelidade partidária que os parlamentares e, por isso, trocam de sigla com a mesma facilidade com que se veste uma camiseta para disputar uma corrida de rua. Hoje, correr virou moda, mas na arena política a corrida é bem mais complexa.

Raquel Lyra ainda não compreendeu que recepcionar prefeitos com promessas de obras e recursos não garante pódio em 2026. Apoios declarados nesse estágio, sem a devida costura política com deputados federais e estaduais, podem até render manchetes, mas dificilmente consolidam uma base de sustentação duradoura. Quem, de fato, representa os municípios no jogo do poder são os parlamentares. Eles são os verdadeiros articuladores, os que levam pleitos locais para Brasília e para a Assembleia Legislativa, traduzindo-os em emendas, projetos e articulações.

Ignorar esse elo vital pode custar caro. O apoio de prefeitos, sem a ponte com deputados, corre o risco de se tornar um castelo de areia: bonito por fora, mas frágil diante da primeira onda de pressões políticas. A ausência de deputados no processo de adesão pode significar apenas uma vitrine provisória, vulnerável a traições e ao abandono quando mais se precisar.

A governadora insiste em tentar reinventar a roda, pulando etapas e apostando em atalhos. Mas a política brasileira tem sua lógica própria, construída ao longo de cinco séculos de prática: é feita por políticos, com políticos e para políticos. Cortar o fio condutor que liga prefeitos e deputados é um erro estratégico que pode cobrar fatura no futuro.

Ainda há tempo para corrigir o rumo? Talvez sim, mas o relógio corre contra. Mais que multiplicar recepções e anúncios de obras, Raquel precisa recalibrar a estratégia, compreender que apoio sólido se constrói com base parlamentar estruturada e que ignorar esse pilar pode resultar em isolamento político. Se quiser chegar forte em 2026, não basta ter prefeitos à mesa. É preciso que os deputados também estejam no jogo, porque, no final das contas, a política não se reinventa: ela se joga como sempre foi jogada.

*Greovário Nicollas é Articulista, Periodista e Colaborador do Blog do Edney.*

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