Enquanto a ministra Cármen Lúcia apresentava seu voto, recheado de fundamentos técnicos e políticos sobre a denúncia relativa à tentativa de golpe de Estado, os demais integrantes da Turma interagiam com perguntas e comentários. Apenas Fux permaneceu em silêncio, cabeça baixa, manuseando papéis, sem demonstrar engajamento com o debate. A postura chamou atenção e reforçou o contraste com os colegas, que mantinham expressão corporal mais descontraída e alinhada ao ritmo da sessão.
Às 15h42, Fux deixou o plenário por alguns minutos, justamente quando Cármen Lúcia destacava a existência de violência organizada e a formação de uma estrutura criminosa com objetivo de atacar a democracia. O episódio foi lido como um gesto de desconforto. Ao retornar, tentou iniciar conversa com o ministro Flávio Dino, mas a breve interação revelou divergência: Dino balançou a cabeça em sinal de negativa, mantendo o clima de distanciamento.
O único momento em que Fux se mostrou mais atento foi quando Alexandre de Moraes pediu a palavra para reforçar a tese de que Jair Bolsonaro liderou uma organização criminosa. Diante da exibição de vídeos sobre o golpismo, Fux endireitou o corpo, olhou fixamente para o telão, mas voltou a baixar a cabeça assim que a transmissão terminou.
O comportamento do ministro reforçou a imagem de isolamento dentro da Primeira Turma, sugerindo um desgaste após o tom adotado em seu voto anterior. Nos bastidores, a avaliação é que Fux, ao impor sua postura, acabou expondo uma fissura no colegiado que se tornou visível na sessão seguinte.
Foto: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário