Coordenada pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), por meio da Diretoria Integrada do Interior (Dinter 1), a operação cumpriu oito mandados de busca e apreensão domiciliar e ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros expedidas pelo Juízo da 1ª Vara da Comarca de São José do Egito. As investigações, iniciadas em outubro de 2022, revelaram um esquema de movimentação financeira que sustentava a comercialização de entorpecentes em larga escala e a ocultação de valores provenientes do crime.
Em Pesqueira, as ações concentraram-se em bairros periféricos e áreas rurais do município, onde a polícia identificou endereços utilizados pela facção como pontos logísticos para o transporte e armazenagem de drogas. Segundo fontes ligadas à investigação, a cidade servia de rota intermediária entre o Sertão e a Zona da Mata, funcionando como elo estratégico entre os estados do Nordeste e do Sudeste. Essa posição geográfica favorecia a atuação do grupo, que usava as rodovias BR-232 e BR-423 para o escoamento do material ilícito.
Durante a operação, equipes da Delegacia de Pesqueira atuaram em conjunto com agentes de Caruaru e Salgueiro, além de policiais de outros estados, sob a coordenação da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil (DINTEL) e do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB/LD). A ação contou ainda com o apoio da Gerência de Inteligência e Segurança Orgânica da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (GISO/SEAP-PE), reforçando o caráter integrado da ofensiva.
De acordo com as investigações, os integrantes da quadrilha movimentavam grandes somas de dinheiro por meio de empresas de fachada, transações bancárias suspeitas e uso de “laranjas”. A PCPE identificou também a aquisição de imóveis e veículos de luxo em nome de terceiros, estratégia comum para mascarar o patrimônio oriundo do tráfico. Parte das operações financeiras passava por contas bancárias em Pesqueira, o que levantou suspeitas e levou os investigadores a aprofundarem o rastreamento das transações.
Fontes ligadas à apuração relataram que o grupo mantinha conexões com fornecedores de drogas em São Paulo e Minas Gerais, responsáveis por abastecer o mercado nordestino. A partir daí, os entorpecentes eram distribuídos em cidades de médio porte, como Caruaru e Pesqueira, e, posteriormente, escoados para municípios menores.
Ao todo, 30 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães, participaram da operação simultaneamente em vários estados. O material apreendido será periciado, e os relatórios financeiros bloqueados deverão servir como base para o aprofundamento da investigação patrimonial.
A Polícia Civil de Pernambuco classificou a operação como um passo importante na estratégia de asfixia financeira das organizações criminosas, método que vem sendo intensificado nos últimos meses. Para as autoridades, o resultado da “Fluxo Ilícito” demonstra que o interior do estado também se tornou alvo prioritário das forças de segurança, diante do avanço de redes de tráfico e lavagem de dinheiro em cidades de porte médio, como Pesqueira.
O delegado responsável pela coordenação das investigações destacou que o foco, neste momento, é identificar o núcleo financeiro e os articuladores do esquema. “A movimentação de recursos é o que mantém essas organizações de pé. Cortando o fluxo de dinheiro, conseguimos desarticular toda a estrutura criminosa”, afirmou.
A PCPE informou que novas fases da operação podem ser deflagradas nas próximas semanas, com prisões preventivas e novas quebras de sigilo bancário e telemático. Em Pesqueira, a presença policial segue intensa, com buscas complementares e monitoramento de alvos já identificados.
A Operação “Fluxo Ilícito” reforça o papel de Pernambuco como um dos estados de referência no combate à lavagem de dinheiro e à criminalidade organizada, além de evidenciar a necessidade de vigilância permanente sobre as rotas do tráfico que cortam o Agreste e o Sertão. Em Pesqueira, cidade marcada pela tradição e cultura, a ação desta quinta-feira revelou também o outro lado de um cenário que, longe dos holofotes, vinha sendo dominado pela influência do crime financeiro e pelo poder do tráfico interestadual.
 
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