RECIFE INFLA A MÁQUINA POLÍTICA E DISPARA GASTOS COM ASSESSORES: PREFEITURA JÁ TORROU R$ 56,4 MILHÕES EM 2025
ENQUANTO JOÃO CAMPOS TURBINA CARGOS, GOVERNO RAQUEL LYRA GASTA MENOS DA METADE
A engrenagem política da Prefeitura do Recife está girando em alta rotação — e com custo elevado para o contribuinte. Levantamento da plataforma Confere a Conta, do Blog Manoel Medeiros, revela que a gestão do prefeito João Campos (PSB) desembolsou R$ 56,4 milhões entre janeiro e novembro de 2025 apenas com assessores comissionados e terceirizados ligados diretamente ao comando político do Palácio do Capibaribe. No mesmo período, o Governo de Pernambuco, sob a liderança da governadora Raquel Lyra (PSD), gastou R$ 26,8 milhões — menos da metade.
Os números ganham ainda mais peso quando se projeta o fechamento do ano. Com o pagamento do 13º salário e da folha de dezembro, a conta da Prefeitura do Recife deve alcançar R$ 69 milhões, enquanto o governo estadual deve encerrar 2025 em torno de R$ 33 milhões.
DOIS MODELOS, DOIS PESOS: A DIFERENÇA ENTRE RECIFE E O ESTADO
A comparação expõe não apenas valores absolutos, mas modelos distintos de organização política. De um lado, a Prefeitura do Recife sustenta uma estrutura estimada em cerca de 1.120 pessoas, entre cargos comissionados e terceirizados, atuando diretamente na engrenagem política do prefeito. Do outro, o Governo de Pernambuco mantém aproximadamente 660 pessoas com funções equivalentes.
A discrepância se torna ainda mais evidente quando analisada sob a ótica do cidadão comum. Cada morador do Recife já desembolsou, em média, R$ 37,88 para custear os assessores políticos do prefeito. No âmbito estadual, considerando toda a população pernambucana (IBGE, 2025), o custo é de apenas R$ 2,80 por habitante. Na prática, o gasto per capita da gestão João Campos é 1.252% maior.
ONDE O DINHEIRO ESTÁ SENDO GASTO NA PREFEITURA DO RECIFE
Os recursos considerados no levantamento incluem despesas com “vencimentos e vantagens fixas” e “locação de mão de obra”, abrangendo o Gabinete do Prefeito, a Assessoria Especial e as secretarias responsáveis pela articulação política e institucional.
A maior fatia está concentrada na Secretaria de Articulação Política e Social, criada após a reforma administrativa de janeiro deste ano, quando a antiga pasta de Governo e Participação foi desmembrada. Sozinha, essa secretaria consumiu R$ 40,4 milhões até novembro, somando salários e terceirizações.
O Gabinete do Prefeito já custou R$ 6,1 milhões, enquanto a Assessoria Especial do Prefeito alcançou R$ 7,8 milhões — valor que supera, com folga, o gasto equivalente do governo estadual. A Secretaria de Relações Institucionais completa a conta com R$ 2,1 milhões.
NO ESTADO, UMA ESTRUTURA MAIS ENXUTA
No Governo de Pernambuco, os gastos se concentram principalmente na Secretaria da Casa Civil, que soma R$ 17,4 milhões. O Gabinete da Governadora consumiu R$ 7,2 milhões, enquanto a Assessoria Especial à Governadora e Relações Internacionais ficou em R$ 2,2 milhões.
Um detalhe chama atenção nos bastidores: no Palácio do Campo das Princesas, a assessoria especial tem perfil mais técnico, voltado à produção de estudos, relatórios e análises estratégicas. Já no Recife, a mesma estrutura abriga mais de 80 cargos com forte peso político, funcionando como linha de frente da articulação do prefeito.
SECRETARIA-CHAVE E O JOGO POLÍTICO NO RECIFE
O coração dessa ofensiva política é a Secretaria de Articulação Política e Social, comandada por Gustavo Monteiro, amigo de infância de João Campos. Além do elevado gasto com comissionados, a pasta mantém um contrato de R$ 33 milhões com a empresa RPL Engenharia, responsável por fornecer 528 terceirizados.
Esses trabalhadores, em sua maioria por indicação política, estão distribuídos em funções como analistas administrativos, coordenadores e auxiliares de escritório, com custos mensais que variam de R$ 3,7 mil a R$ 6,9 mil por pessoa. Na prática, trata-se de uma tropa robusta voltada à sustentação política da gestão.
O RECADO DOS NÚMEROS: POLÍTICA CARA X GESTÃO CONTIDA
Os dados escancaram uma diferença de estratégia. Enquanto João Campos aposta em uma ampla e custosa estrutura política, ampliando cargos e terceirizações para fortalecer sua base, Raquel Lyra adota um modelo mais contido, com menor número de assessores e foco técnico.
Para o cidadão, o debate vai além da disputa política: trata-se de entender quanto custa manter o poder e quem paga essa conta. Em 2025, pelo menos até agora, o recifense paga caro. Já o pernambucano, no plano estadual, desembolsa bem menos para sustentar o núcleo político do governo. É isso!
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