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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

PF APONTA EX-MARKETEIRA DO PT COMO PEÇA-CHAVE EM ELO INTERNACIONAL DE FRAUDES BILIONÁRIAS NO INSS

A Polícia Federal identificou a ex-publicitária Danielle Miranda Fonteles como uma das figuras centrais de uma engrenagem internacional de lavagem de dinheiro ligada a fraudes em benefícios previdenciários do INSS. Ela foi um dos alvos da mais recente fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (18), que investiga um esquema criminoso responsável por movimentar bilhões de reais.

Segundo as investigações, Danielle manteve ligação direta com Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado pela PF como o principal articulador da organização criminosa. Em mensagens interceptadas, Antunes se referia a ela como “sócia Portugal”, uma indicação clara, de acordo com os investigadores, do papel estratégico desempenhado pela publicitária fora do Brasil.

A Polícia Federal sustenta que Danielle atuava como elo entre o núcleo do esquema no país e estruturas financeiras estabelecidas na Europa, especialmente em Portugal e na Alemanha. Caberia a ela a missão de administrar recursos no exterior, negociar investimentos, estruturar propostas para aquisição de imóveis e conduzir projetos internacionais que ajudariam a dar aparência de legalidade ao dinheiro desviado.

As apurações identificaram transferências superiores a R$ 13 milhões destinadas a Danielle. Diante do volume e da frequência dos repasses, o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal. Em decisão, o ministro André Mendonça determinou a adoção de medidas cautelares alternativas à prisão, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a entrega do passaporte, impedindo a saída do país.

No despacho, o ministro destacou elementos apresentados pela Polícia Federal que indicariam a atuação contínua da investigada no esquema. “A PF demonstra que DANIELLE recebe mensalmente valores enviados por ANTÔNIO e atua como intermediária em aquisições internacionais de ativos”, registrou Mendonça, reforçando a tese de que ela exercia função ativa na engrenagem criminosa.

Danielle Fonteles ganhou projeção nacional ao atuar no marketing do Partido dos Trabalhadores. Fundadora da agência Pepper Comunicação Interativa, integrou a equipe de comunicação da campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010 e prestou serviços a nomes de destaque do partido, como Fernando Pimentel e Rui Costa.

Em 2015, a Pepper Comunicação já havia sido alvo da Operação Acrônimo, que investigou contratos fictícios e repasses irregulares para campanhas do PT. À época, Danielle firmou acordo de delação premiada, detalhando esquemas de pagamentos disfarçados e movimentações financeiras no exterior. Após o escândalo, encerrou as atividades da agência e se afastou da vida pública.

Agora, quase uma década depois, o nome da ex-publicitária volta ao centro das investigações, desta vez apontada como a principal ponte internacional do esquema atribuído ao “Careca do INSS”.

A defesa de Danielle contesta a versão da Polícia Federal. Segundo seus advogados, os valores recebidos seriam referentes à negociação de um imóvel em Trancoso, no sul da Bahia, avaliado em cerca de R$ 13 milhões. Eles afirmam que o pagamento foi feito de forma parcelada, que a venda não chegou a ser concluída e que todo o montante foi devidamente declarado à Receita Federal, com recolhimento de impostos.

A explicação, no entanto, não convenceu os investigadores. Para a PF, há fortes indícios de que o suposto negócio imobiliário teria sido utilizado para encobrir a real natureza da relação entre Danielle e Antônio Antunes. Em documento encaminhado ao STF, a corporação afirma que a transação teria servido para “simular legalidade” e mascarar operações financeiras do grupo criminoso.

Com o avanço da Operação Sem Desconto, a Polícia Federal amplia o cerco sobre a estrutura internacional do esquema e reforça a linha de investigação que aponta para a utilização de empresas, imóveis e investimentos no exterior como instrumentos para lavar recursos desviados de aposentadorias e benefícios do INSS.

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