ENTRE O PALANQUE E A PONTE: A MATURIDADE POLÍTICA QUE RECOLOCOU SÃO BENTO DO UNA NO CENTRO DO AGRESTE
QUANDO A POLÍTICA DESCE DO PALANQUE E SOBE AO CHÃO
São Bento do Una viveu, neste sábado, um daqueles raros capítulos em que a política abandona o grito fácil e escolhe o gesto. Em meio a anúncios aguardados há décadas, a cidade assistiu a um encontro improvável entre campos opostos que, ao menos por um dia, colocaram o interesse coletivo acima das bandeiras partidárias. O resultado foi um roteiro de maturidade institucional que reposicionou o município no mapa das prioridades do Estado.
A GOVERNADORA NO PROTAGONISMO DAS ENTREGAS
Com agenda extensa e foco no que impacta o cotidiano, a governadora Raquel Lyra conduziu um conjunto de anúncios que dialogam diretamente com mobilidade, produção e dignidade. A assinatura da ordem de serviço para a restauração da PE-180, ligando São Bento do Una a Belo Jardim, e o anúncio do projeto de asfaltamento da PE-165, em direção a Cachoeirinha, deixaram de ser promessas recorrentes para ganhar forma administrativa. Somaram-se a isso a ordem de serviço para a reforma da sede da ADAGRO, a assinatura para construção da ETA, a inauguração do Espaço CRIA, do Laboratório de Desenvolvimento de Sistemas e a entrega de ônibus escolares — ações que revelam interiorização, planejamento e presença efetiva do Governo do Estado.
DÉBORA ALMEIDA: A DEPUTADA DA TERRA QUE NÃO ABANDONA A CIDADE
Ex-prefeita por dois mandatos e hoje deputada estadual, Débora Almeida reafirmou seu papel de ponte política. Mesmo não integrando a base do prefeito, foi reconhecida publicamente como peça central na articulação das ações anunciadas. Seu discurso reforçou a marca de um governo estadual voltado ao interior e a ideia de que resultados duradouros nascem da persistência. Ao convidar o prefeito a seguir solicitando novas ações, Débora consolidou a imagem de quem prioriza o município acima de disputas circunstanciais.
A SURPRESA DO PREFEITO: O GESTO QUE MUDOU O CLIMA
Alexandre Batité, historicamente identificado com o campo da oposição, surpreendeu ao romper o protocolo não escrito do confronto permanente. Em vez de tensionar, reconheceu. Em vez de silenciar, agradeceu. Ao abraçar a deputada Débora Almeida e dedicar palavras de gratidão à governadora, o prefeito transformou o simbólico em concreto. O gesto, simples e potente, foi interpretado como um abraço institucional do povo de São Bento do Una — e sinalizou que a cidade pode ganhar mais quando o diálogo vence a vaidade.
O VICE QUE CONSTRÓI PONTES EM SILÊNCIO
A governadora fez questão de destacar a presença constante do vice-prefeito Paulo Renato nos atos do Governo do Estado, evidenciando uma atuação discreta, porém estratégica. Em um cenário marcado por disputas, a postura do vice reforça a ideia de grandeza política: reconhecer o trabalho, comparecer, colaborar e somar. Em tempos de radicalização, o silêncio produtivo também comunica maturidade.
O FIM DAS VAIAS E O COMEÇO DOS RESULTADOS
O contraste com agendas passadas foi evidente. Não houve vaias, nem discursos inflamados. O ambiente foi de institucionalidade. A política, ali, foi exercida como ferramenta de entrega. As estradas anunciadas representam mais do que asfalto: são acesso a mercados, redução de custos, integração regional e estímulo à economia local. Cada assinatura respondeu a cobranças históricas e reforçou a noção de que convergência entrega mais do que confronto.
A cena do abraço entre adversários levantou uma pergunta incômoda, porém necessária: até onde a oposição deve ir quando obras estruturantes estão em jogo? Ao afirmar que a paz e a união precisam prevalecer para que São Bento do Una continue crescendo, o prefeito lançou um recado claro ao eleitorado e às lideranças estaduais. A política da convergência pode não render manchetes barulhentas, mas pavimenta resultados duradouros.
Resta saber se o episódio foi exceção ou início de uma mudança de cultura política no município. O fato concreto é que, neste sábado, São Bento do Una testemunhou uma rara combinação de respeito, reconhecimento e entrega. Com a governadora em destaque pelo volume de ações e a deputada pela articulação persistente, a cidade experimentou um roteiro possível: menos palanque, mais ponte. Quando a política escolhe a maturidade, quem ganha é o povo.
Para o Governo de Pernambuco, o gesto construído em São Bento do Una tem leitura estratégica clara. Ao encontrar um ambiente de respeito institucional, a governadora amplia a capacidade de execução das políticas públicas e reduz ruídos que historicamente atrasam obras e convênios. A maturidade demonstrada pelo prefeito e o reconhecimento ao papel da deputada criam um cenário fértil para novas parcerias. Quando o município sinaliza estabilidade política, o Estado responde com mais investimentos, mais presença e mais prioridade.
Para a população, a cena registrada no palco da Escola Técnica Estadual Governador Eduardo Campos foi pedagógica. O eleitor, cansado de disputas estéreis, viu líderes políticos colocarem o interesse coletivo acima do ego. O abraço, os elogios e o tom conciliador enviaram uma mensagem direta: maturidade também é critério de voto. Em um tempo em que a política nacional vive de extremos, São Bento do Una experimentou um raro momento de equilíbrio — e mostrou que é possível fazer política com firmeza, sem perder a humanidade.
Edney Souto
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