A renúncia ocorre em meio a um cenário jurídico delicado. Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos de prisão por envolvimento com o hacker Walter Delgatti Neto, apontado como responsável por tentar invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça. Após a condenação, a deputada deixou o Brasil e se dirigiu à Itália, país do qual possui cidadania. Atualmente, ela está presa em território italiano, aguardando a análise de um pedido de extradição apresentado pela Justiça brasileira.
O caso ganhou novos contornos na última semana. Na quarta-feira, o plenário da Câmara dos Deputados decidiu rejeitar a cassação do mandato de Zambelli, contrariando determinação do ministro Alexandre de Moraes. Foram 227 votos favoráveis à rejeição, 170 contrários e 10 abstenções, em uma sessão que expôs a divisão política da Casa. Apesar disso, na sexta-feira, a Primeira Turma do STF confirmou por unanimidade a decisão de Moraes, decretando a perda do mandato da parlamentar.
Como a decisão do Supremo ainda não havia sido formalmente comunicada à Câmara, a deputada manteve a possibilidade legal de renunciar antes da efetivação da cassação. A estratégia, na prática, impede a perda automática dos direitos políticos, consequência direta de um processo de cassação parlamentar.
A confirmação da renúncia foi divulgada pela assessoria da Presidência da Câmara Federal, em nota sucinta. “A Câmara dos Deputados informa que a deputada Carla Zambelli comunicou à Secretaria-Geral da Mesa a sua renúncia ao mandato de parlamentar no dia de hoje”, diz o texto oficial.
Com a saída de Zambelli, encerra-se um dos capítulos mais turbulentos da atual legislatura. A parlamentar, que construiu sua carreira com forte presença nas redes sociais e alinhamento ideológico ao bolsonarismo, deixa o cargo sob o peso de uma condenação criminal, um processo de extradição internacional e uma crise institucional que envolveu embates entre o Legislativo e o Judiciário.
Agora, a expectativa se volta para os próximos passos da Justiça italiana em relação ao pedido de extradição e para a posse do suplente, que assumirá a vaga em um momento de intensa polarização política e sob os reflexos de um dos casos mais emblemáticos envolvendo um parlamentar federal nos últimos anos.
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