O episódio culminou na prisão preventiva de Adroaldo Portal, então secretário-executivo da Previdência e considerado o segundo nome mais importante da pasta. Segundo o ministro, a exoneração foi determinada assim que o ministério teve acesso às informações apresentadas pela Polícia Federal. A substituição também ocorreu de maneira imediata: o cargo passa a ser ocupado por Felipe Cavalcanti e Silva, procurador federal da Advocacia-Geral da União e até então consultor jurídico do próprio ministério.
Em declarações à imprensa, Wolney Queiroz destacou que a operação pegou a equipe de surpresa, mas reforçou que a orientação do Palácio do Planalto é clara. “O governo não protege ninguém. A determinação do presidente Lula é ir até as últimas consequências”, afirmou, reiterando que a conduta adotada demonstra o compromisso do Executivo com a transparência e o combate a irregularidades dentro da administração pública.
A nova etapa da investigação ampliou o alcance do escândalo ao atingir figuras ligadas a antigos dirigentes do INSS. Entre os presos está Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado pela PF como um dos principais articuladores do esquema de descontos ilegais aplicados sobre aposentadorias e pensões. O caso veio à tona após uma série de reportagens publicadas pelo portal Metrópoles, que revelaram a dimensão nacional da fraude.
Outro alvo desta fase da operação foi Éric Fidelis, filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS, que já havia sido preso em uma etapa anterior das investigações. Além disso, o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula no Senado, teve sua residência alvo de mandados de busca e apreensão, ampliando o impacto político do caso em Brasília.
Ao todo, a Polícia Federal cumpre 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e diversas medidas cautelares em sete unidades da federação — São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e o Distrito Federal. As investigações apontam para a existência de um esquema estruturado de descontos ilegais diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas, atingindo milhares de segurados em todo o país.
Com a troca no comando da secretaria-executiva e o avanço das investigações, o Ministério da Previdência tenta sinalizar uma resposta rápida à crise, enquanto a Operação Sem Desconto segue aprofundando as apurações sobre um dos maiores escândalos recentes envolvendo o sistema previdenciário brasileiro.
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