Durante a visita ao Morro, Silvio não apenas conversou com a população. Ele fez questão de declarar, diante das câmeras e microfones, que não transformará o eventual mandato de senador da República em um degrau a mais na vida pública. A frase, dita com a serenidade de quem sabe exatamente para quem estava falando, atravessou o cenário eleitoral como um antídoto às especulações: “Não disputarei a Prefeitura do Recife, nem o Governo de Pernambuco. Se eleito, cumprirei integralmente o mandato de senador”.
O gesto, mais do que uma prestação de contas antecipada, representou uma rareza num cenário em que cadeiras no Congresso se tornaram passaportes para disputas estaduais e municipais. Silvio mirou em duas frentes — a opinião pública e os bastidores — e acertou ambas. Ao rejeitar a ideia de trampolim, ele tenta se distanciar do roteiro habitual que desgasta nomes antes mesmo de uma campanha começar: o da ambição pública desenfreada, que transforma projetos de poder em degraus pessoais.
A fala também serve como termômetro para a Frente Popular e para o próprio Palácio do Campo das Princesas, onde qualquer movimento futuro sobre 2026 e 2028 é calculado com milímetros e milimétricas vaidades. Ao cravar que não entrará na disputa municipal ou estadual, Silvio abre espaço para reposicionamento no tabuleiro sem provocar colisões imediatas com aliados ou desafetos que disputam o mesmo território político.
No Morro, enquanto os fogos estouravam e as barracas disputavam a atenção dos romeiros, Silvio Costa Filho escolheu o simples para entregar o sofisticado: prometer permanência. Em tempos de corridas anunciadas e mandatos abandonados antes da metade, a frase pode ter soar como símbolo, contrapeso e aviso. A temporada eleitoral de 2026 ainda nem começou, mas o ministro já fez questão de inaugurar o capítulo: não será ele quem irá romper sua própria palavra.
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