sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

TORNOZELEIRA ROMPIDA, IDENTIDADE FALSA E ROTA INTERNACIONAL: OS BASTIDORES DA TENTATIVA DE FUGA DE SILVINEI VASQUES

A prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, nesta sexta-feira, 26 de dezembro, no Paraguai, revelou um enredo que mistura violação de medidas judiciais, uso de documentos falsificados e uma estratégia elaborada para deixar o Brasil sem levantar suspeitas. Investigadores que acompanham o caso apontam que a fuga vinha sendo planejada para escapar do avanço das investigações e das decisões do Supremo Tribunal Federal.

Segundo apurações, Silvinei rompeu a tornozeleira eletrônica que utilizava por determinação judicial, infringindo diretamente as cautelares impostas pela Justiça. Na decisão que decretou a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, registrou que o equipamento de monitoramento perdeu sinal ainda na madrugada do dia 25 de dezembro, por volta das 3h, e horas depois, no início da tarde, ficou completamente inoperante, indicando o rompimento definitivo do dispositivo.

A partir daí, o ex-chefe da PRF teria iniciado a saída do território brasileiro por via terrestre, evitando aeroportos e controles migratórios mais rígidos. O destino inicial foi o Paraguai, país onde Silvinei tentou se valer de documentação falsa para dar continuidade ao plano de fuga. Com um passaporte fraudado, ele buscava embarcar para o Panamá, de onde seguiria para El Salvador, numa rota internacional pensada justamente para dificultar sua localização e eventual extradição.

As autoridades paraguaias identificaram irregularidades nos documentos apresentados no momento da tentativa de embarque. Silvinei utilizava uma identidade falsa, registrada em nome de Julio Eduardo Baez Fernandez, o que levantou suspeitas imediatas da polícia migratória local. Antes que conseguisse deixar o país, ele foi detido e comunicado às autoridades brasileiras, que já haviam determinado sua prisão preventiva.

O episódio agrava ainda mais a situação jurídica do ex-diretor da PRF, que já foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no julgamento do chamado núcleo 2 da trama golpista. De acordo com a decisão da Corte, Silvinei e outros aliados tiveram participação direta na elaboração da chamada “minuta do golpe”, no monitoramento e em planos contra autoridades da República, além de atuar para instrumentalizar a PRF com o objetivo de dificultar o deslocamento de eleitores, especialmente na Região Nordeste, durante as eleições de 2022.

Apesar da condenação, a prisão definitiva para cumprimento de pena ainda não havia sido decretada, o que mantinha Silvinei sob medidas cautelares, como o uso da tornozeleira eletrônica e a proibição de deixar o país. A tentativa de fuga, agora frustrada, é vista por investigadores como um indício claro de risco à aplicação da lei penal, argumento central para a decretação da prisão preventiva.

Até o momento, a defesa de Silvinei Vasques não se manifestou publicamente sobre o rompimento da tornozeleira, o uso de documentos falsos nem sobre a tentativa de saída do Brasil. O caso segue sob acompanhamento do Supremo Tribunal Federal e deve ter novos desdobramentos nos próximos dias, inclusive no que diz respeito à eventual transferência do ex-diretor da PRF para território brasileiro.

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