Por Edney Souto
O que está prestes a acontecer hoje, no município de Moreno, vai muito além de uma cerimônia de assinatura. Às 10h30, quando a governadora Raquel Lyra (PSD) autorizar oficialmente o início das obras do trecho sul do Arco Metropolitano, com a presença do ministro dos Transportes, Renan Filho, não será apenas um ato administrativo. Será, de fato, o momento em que uma promessa que atravessou governos, frustrações e expectativas finalmente sai do papel e começa a tomar forma no chão de Pernambuco.
O Arco Metropolitano sempre foi tratado como uma necessidade óbvia para o desenvolvimento do Estado, mas paradoxalmente permaneceu como um projeto engavetado por mais de uma década. Ele foi prometido ainda na época em que a Fiat se instalou em Goiana, na Mata Norte, gerando um novo fluxo industrial que precisava de infraestrutura adequada. O discurso era forte, mas a execução nunca avançava. Cada governo explicava o atraso à sua maneira, entre alegações de entraves burocráticos, falta de recursos ou de articulação política. O fato é que o tempo passou, os gargalos aumentaram e Pernambuco ficou devendo essa obra a si mesmo.
Por isso o ato de hoje ganha um peso que extrapola qualquer protocolo. É no governo de Raquel Lyra que uma das obras mais estratégicas do Estado finalmente começa — e isso não acontece por acaso. O trecho sul, que vai ligar a BR-232, em Moreno, à BR-101 Sul, no Cabo de Santo Agostinho, representa um investimento aproximado de R$ 600 milhões, valores que se traduzem em emprego, renda, movimentação econômica e, sobretudo, solução para um problema que há muito tempo sufoca o trânsito de cargas e pessoas na Região Metropolitana.
Quando concluído, esse primeiro trecho deverá melhorar de forma concreta o fluxo de veículos que hoje se espremem pelas vias tradicionais. Suape, que já é um dos motores econômicos de Pernambuco, ganhará novos caminhos para o escoamento da produção, diminuindo custos logísticos e aumentando sua competitividade. Na ponta final, isso significa mais empresas interessadas em se instalar no Estado, ampliando o ciclo de desenvolvimento.
Mas a importância simbólica da obra talvez seja tão grande quanto a estrutural. Realizar o trecho sul torna inevitável a cobrança — e consequentemente a execução — do trecho norte. É nele que estão os maiores desafios ambientais e sociais, especialmente as resistências de ambientalistas e comunidades locais. No entanto, ao destravar a primeira etapa, a governadora envia um recado claro: Pernambuco não vai mais esperar indefinidamente. Há diálogo com os órgãos ambientais, há mediação política e há vontade de fazer. E quando o Estado começa a andar, os obstáculos ficam menores.
Raquel Lyra, ao comentar recentemente o Arco Metropolitano, afirmou que a obra será “um legado tão importante quanto foi a duplicação da BR-232 entre Recife e São Caetano”. A comparação não é mera retórica. A duplicação da BR-232 marcou profundamente a gestão Jarbas Vasconcelos e até hoje é lembrada como uma das intervenções mais transformadoras da história recente do Estado. A construção do Arco Metropolitano, especialmente sendo iniciada após tantos anos de espera, tem tudo para ser o marco equivalente da atual governadora.
Legado é isso: algo que permanece, que muda trajetórias, que transforma realidades. O Arco Metropolitano é parte de uma Pernambuco que se recusa a ficar parada enquanto o mundo avança. E a obra começa hoje — diante dos olhos de quem esperou muito e já não acreditava tanto. Raquel Lyra, ao fincar esse projeto no Grande Recife, não apenas cumpre uma promessa antiga, mas reposiciona o Estado no mapa da infraestrutura nacional.
A partir de agora, o que antes era apenas papel começa a virar estrada. E estrada, em Pernambuco, sempre foi símbolo de mudança, de progresso e de futuro. Hoje, o Arco começa a mudar o jogo.