Durante a campanha de 2022, Anderson apostou todas as suas fichas no bolsonarismo, assumindo publicamente a defesa irrestrita de Jair Bolsonaro e, em alguns momentos, adotando posturas radicais que afastaram setores do eleitorado. Uma das declarações mais lembradas foi a de que não precisava do voto de quem defendia ideias da esquerda, discurso que destoava da imagem de político mais flexível que havia mostrado em 2020, quando apoiou Marília Arraes, então no PT, no segundo turno da eleição municipal do Recife. A contradição ficou marcada e continua sendo explorada por adversários e analistas, reforçando a percepção de falta de consistência em sua trajetória.
O enfraquecimento da relação com Bolsonaro também se tornou um ponto sensível. O ex-presidente já manifestou preferência por Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e figura de confiança da base bolsonarista em Pernambuco. Gilson, que obteve mais de 1,3 milhão de votos na eleição de 2022, é hoje considerado o nome natural para disputar o Senado pelo grupo, o que deixa Anderson em segundo plano dentro do próprio partido. A situação se agravou com a crise interna provocada pela destituição de Gilson da presidência municipal do PL no Recife, episódio que ampliou fissuras e consolidou resistências à volta de Anderson ao protagonismo.
Do outro lado do espectro político, Anderson também não encontra espaço. A esquerda não o enxerga como aliado, principalmente após sua adesão incondicional ao bolsonarismo, e o centro prefere apostar em nomes com menos rejeição acumulada. A família Ferreira, que já rompeu com o PSB em 2018 ao se sentir preterida na disputa por uma vaga ao Senado, segue sem grandes alianças estratégicas, e isso limita as possibilidades de articulação. O resultado é um cenário em que Anderson se vê isolado, sem bases sólidas de apoio, dependendo apenas de uma reconstrução que ainda não começou a dar sinais concretos.
No atual momento, o desafio de Anderson não é apenas eleitoral, mas de sobrevivência política. Sem mandato, sem respaldo majoritário em seu partido e sem uma narrativa consistente para reconquistar o eleitorado, sua tentativa de chegar ao Senado se mostra como uma escalada quase impossível. A grande dúvida que paira entre aliados e adversários é de onde ele conseguirá extrair os votos necessários para transformar em realidade um projeto que, mais do que ambição, se tornou uma prova de resistência em meio ao desgaste acumulado nos últimos anos.
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