Ao mesmo tempo em que as emissões elevadas de gás carbônico (CO2) influenciam em rupturas na camada de ozônio e causam um aquecimento global, elas afetam o pH (nível de acidez) dos mares e oceanos. Segundo um estudo publicado nesta quinta-feira pela revista Science, essa interferência, causada pelo homem, pode extinguir a vida marinha dentro de poucas décadas.
O relatório foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), da Instituição Catalã de Pesquisa e Estudos Avançados (ICREA), e da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). O texto fala sobre as grandes mudanças químicas sofridas pelos mares nos últimos 300 milhões de anos, ressaltando que nunca houve uma transição "tão rápida, grande e global" como a que presenciamos agora.
O estudo explica que o CO2 emitido por diversas atividades do homem, sobretudo pela queima de combustíveis fósseis, é absorvido pelos oceanos. Essa diferenciação acaba prejudicando diversas formas de vida essencialmente aquáticas, sobretudo as espécies que contam com estruturas físicas de carbonato cálcico, como corais e moluscos.
O grupo realizou análises paleontológicas e geoquímicas, diferenciando-se do costumeiro com simulações em aquários. A pesquisa contou ainda com análises da história terrestre, chegando ao período Paleoceno-Eoceno, há 56 milhões de anos, quando houve um nível crítico de acidificação das águas, incentivado pelas emissões vulcânicas e e liberação de CO2 dos hidratos de metano congelados nos fundos marítimos. Mesmo nessa época, a absorção de gás carbônico era pelo menos dez vezes mais lenta do que a atual, indica a publicação.
Segundo a pesquisadora do Instituto de Ciências do Mar, Patricia Ziveri, a única solução para salvar os oceanos seria uma redução drástica e imediata do atual modelo energético que gera grandes níveis de CO2.
Já o cientista Carles Pelejero, também do grupo, advertiu que a acidificação dos oceanos já está tendo consequências para diversas espécies de fitoplânctons, base da cadeia alimentar e que são alimento direto de salmões e baleias por exemplo. Além disso, o especialista afirmou que em uma ou duas décadas as condições químicas vão tornar enviável a vida de espécies como a carapaça. De acordo com Pelejo, a zona mais afetada é a costa oeste do Pacífico, onde criadores de ostras já puderam notar que o desenvolvimento de moluscos é cada vez menor, caindo de forma progressiva.
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