quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Eduardo Campos fortalece críticas a governo federal

No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou o que deve ser o carro-chefe petista na campanha pela reeleição, o programa Mais Médicos, o governador Eduardo Campos (PSB), virtual candidato à sucessão, atacou o que seria o “calcanhar de Aquiles” do governo federal: a área econômica. No rol de críticas, foi incluído o baixo crescimento do país, o modelo de partilha do pré-sal e a deficiência das políticas públicas para o Nordeste.

O discurso foi proferido durante visita a Teresina, no Piauí, onde Eduardo Campos recebeu o título de Cidadão Piauiense. Na oportunidade, ele disse que o Nordeste está unido e não vai aceitar migalhas e favores, em clara alusão ao governo petista, que comemorou recentemente os 10 anos do programa Bolsa Família. “O Nordeste se uniu e não está atrás de migalhas e favores. Não somos só urnas para estar votando”, disse o governador, ao som de gritos da militância: “Brasil pra frente, Eduardo presidente”.

O Piauí foi o primeiro dos dois compromissos do socialista no Nordeste, região onde ele mantém base política e também onde a presidente Dilma Rousseff possui os melhores índices de popularidade. Hoje, Eduardo estará na Paraíba, onde ministra uma palestra para empresários na Associação Comercial de Campina Grande, à noite. Os dois estados são comandados por socialistas e têm o PT no rol dos adversários políticos. O Piauí, por Wilson Martins, e a Paraíba, por Ricardo Coutinho.

Em relação ao crescimento econômico, o governador chamou de “medíocre” as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Estamos definindo alternativas para não permitir que o crescimento econômico fique nessa mediocridade de 2% na média, e a gente possa alavancar um crescimento que gere postos de trabalho, sobretudo no Nordeste, onde temos 28% da população e só 13% das riquezas”, enfatizou. A crítica de Eduardo acontece no momento em que o Banco Central divulga uma reavaliação na previsão de crescimento, que passou de 2,7% para 2,5% para este ano.

Pré-sal
Eduardo Campos usou seu perfil no Facebook, ontem, para fazer críticas ao resultado do leilão do campo de Libra, na bacia de Santos (SP), realizado na última segunda-feira, no Rio. O consórcio vencedor é formado pela Petrobras (40%), pela anglo-holandesa Shell (20%), pela francesa Total (20%) e pelas chinesas CNPC (10%) e CNOOC (10%). “Acho que todos brasileiros e brasileiras viram com muita decepção”, disse o socialista.

Horas mais tarde, também pelo Facebook, o ex-presidente Lula, sem menções diretas a Eduardo, rebateu as críticas em relação à operação financeira. “Pelo fato de estarmos já entrando em um ano eleitoral, tem pessoas que têm vergonha de reconhecer os méritos do leilão de Libra”, disse, diretamente de Portugal, onde cumpre agenda. Dilma também defendeu o modelo de partilha e disse que não serão necessários ajustes.

Saiba mais

Lados opostos

Socialistas e petistas têm visões divergentes a pouco menos de um ano das eleições

PIB

Governo
Dilma diz que o pior já passou e assegura que o país vai alcançar taxas sustentáveis de crescimento acima de 2%. A crise mundial ainda é citada como um complicador

Socialistas
O crescimento médio de 2% é medíocre, na opinião de Eduardo. Ele diz que o modelo atual já deu o que tinha que dar e abusa do slogan de que é possível fazer mais

Libra

Governo
Dilma prevê o repasse de R$ 1 trilhão para a União, graças ao regime de partilha. Garante ainda que 85% de toda a renda do pré-sal será investido no Brasil

Socialistas
Eduardo diz que o resultado do leilão foi uma decepção porque o valor arrematado era o mínimo previsto. Além disso, não acredita que os recursos vão para educação e saúde

Bolsa Família

Governo
O governo federal diz que o Bolsa Família contempla 13,8 milhões de famílias, beneficiando cerca de 50 milhões de pessoas, e já tirou 36 milhões de brasileiros da pobreza extrema

Socialistas
Eduardo Campos diz que os nordestinos estão cansados de “migalhas” e “favores” e acrescenta que a região não pode ser vista apenas na hora de buscar votos


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