O prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), protagonizou nesta semana um dos debates mais acalorados do cenário político de Pernambuco ao se posicionar firmemente a favor do substitutivo apresentado pelo deputado estadual Antônio Coelho (UB) ao projeto de lei que autoriza o Governo do Estado a contrair um empréstimo de R\$ 1,5 bilhão. A proposta do parlamentar estabelece que metade desse valor, ou seja, cerca de R\$ 750 milhões, seja obrigatoriamente repassada aos municípios pernambucanos. Para Sivaldo, a medida representa um avanço no tratamento institucional entre o Governo Estadual e as prefeituras, ao assegurar que os recursos não sejam utilizados como ferramenta de barganha política. Em declarações contundentes, o prefeito afirmou que "é preciso garantir que os municípios sejam tratados de forma equânime, com institucionalismo, e não somente aqueles que aderirem ao seu projeto político". A fala repercutiu imediatamente, atravessando gabinetes e ecoando nas rodas de conversa da política estadual, da capital ao interior.
O embate ganhou ainda mais força quando Sivaldo criticou publicamente a postura do presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE), Marcelo Gouveia, que se colocou contra o substitutivo. Na visão do prefeito de Garanhuns, Gouveia teria falhado na missão primordial da entidade, que é defender os interesses dos municípios, ao adotar uma posição alinhada ao Governo do Estado em detrimento das prefeituras. "Foi ao contrário do que é sua função de defender os municípios", disparou Sivaldo, ao comentar a atuação do dirigente da AMUPE. Essa tensão evidenciou um racha dentro do próprio bloco municipalista, com prefeitos divididos entre manter uma relação de apoio irrestrito à governadora Raquel Lyra (PSDB) ou seguir a linha de independência defendida por Sivaldo Albino e outros gestores que querem maior autonomia e participação na partilha dos recursos.
Nos bastidores da Assembleia Legislativa, a movimentação do prefeito foi vista como um recado direto ao Palácio do Campo das Princesas, especialmente pelo tom crítico adotado. Sivaldo, que já vinha ganhando projeção entre os prefeitos do Agreste, agora amplia seu alcance e passa a ser considerado uma das vozes mais influentes na disputa pelos interesses dos municípios frente ao Governo do Estado. A proposta do deputado Antônio Coelho, endossada por Sivaldo, também reacendeu a discussão sobre o modelo de cooperação federativa em Pernambuco e trouxe à tona antigas queixas de prefeitos que se sentem preteridos por não integrarem a base política da gestão estadual. Com a repercussão intensa, o substitutivo passou a ser debatido com mais vigor pelos parlamentares e por lideranças políticas de todas as regiões, que veem na partilha dos recursos uma oportunidade para investimentos em áreas como infraestrutura, saúde e educação.
A ofensiva do prefeito de Garanhuns também colocou em xeque o papel das entidades representativas e suscitou reflexões sobre o equilíbrio de forças na política estadual, especialmente num momento em que o Governo busca consolidar sua base de apoio para aprovar projetos estratégicos. O debate segue quente e promete novos capítulos nos próximos dias, com Sivaldo Albino no centro das atenções, defendendo uma redistribuição mais justa dos recursos que, segundo ele, pertencem a todos os pernambucanos e não devem ser utilizados como moeda política.
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