O Agreste Meridional amanheceu mais silencioso nesta terça-feira (27) com a partida de uma das figuras mais carismáticas e emblemáticas da música regional: Wilton Brito da Silva, o eterno Tuxinha Sanfoneiro, que faleceu aos 66 anos no Hospital de Lajedo, onde estava internado após agravamento no quadro de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença neurodegenerativa que enfrentava com coragem nos últimos anos. Natural de Lajedo, Tuxinha construiu sua trajetória com base no talento, na paixão pela sanfona e na autenticidade de quem nasceu com o dom de encantar multidões. Com um estilo alegre, carismático e uma entrega visceral nos palcos, ele foi durante décadas um dos representantes mais autênticos da sonoridade nordestina, especialmente durante o ciclo junino, quando seu sorriso e sua sanfona se tornavam indispensáveis nas festas populares.
Conhecido por sua generosidade musical e presença marcante, Tuxinha dedicou mais de 20 anos da sua vida aos palcos ao lado de Jorge de Altinho, um dos ícones da música nordestina, contribuindo para a consolidação de sucessos e levando o forró tradicional a públicos de diferentes gerações. Além disso, sua carreira foi marcada por passagens por bandas consagradas como Pau de Arara — hoje conhecida como Asas da América — e pela criação da Banda Beijo Molhado, projeto do qual foi idealizador e que manteve viva a chama da música regional com apresentações que mesclavam tradição e inovação.
Em Lajedo, Tuxinha também se tornou referência pelas festas realizadas no Espaço Maria Rita, ponto de encontro cultural que carregava sua alma e identidade. Era lá que, todos os anos, ele se entregava às homenagens aos santos juninos — Santo Antônio, São João e São Pedro — transformando cada apresentação em um ato de devoção e celebração à fé e à cultura. No palco, sua sanfona falava mais alto que as palavras, transmitindo emoções que iam do riso à nostalgia, da dança ao silêncio respeitoso de quem reconhecia estar diante de um mestre.
Com o falecimento, Tuxinha deixa sua esposa Edileide Souza Silva, cinco filhos e quatro netos, além de uma legião de amigos, admiradores e fãs que se espalham por todo o Nordeste. O velório acontece a partir do meio-dia desta terça, no Clube Millenium Shows, espaço simbólico para a cena cultural da cidade. Já o sepultamento será realizado na manhã da quarta-feira (28), às 10h, no Cemitério Santo Inácio, também em Lajedo, sua terra natal e onde permanecerá eternamente enraizado como parte do patrimônio afetivo e musical do povo.
Sua ausência neste mês de junho, época em que seu brilho se tornava ainda mais intenso, será sentida profundamente. A sanfona de Tuxinha silenciou, mas seu legado continua ecoando nas noites de forró, nas memórias de quem dançou ao som de seus acordes e na alma de um povo que aprendeu a amá-lo como símbolo maior da alegria nordestina.
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