quinta-feira, 5 de junho de 2025

ESCÂNDALO DO INSS E MINISTRO WOLNEY ACIRRAM DEBATES NA CÂMARA DE CARUARU

Na Câmara Municipal de Caruaru, no Agreste Central de Pernambuco, os debates políticos ganharam temperatura elevada durante uma sessão recente que teve como pano de fundo o escândalo nacional envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A discussão ganhou contornos ainda mais intensos quando os vereadores Cabo Cardoso (PP), líder do governo municipal, e Fagner dos Animais (PDT), líder da bancada pedetista, entraram em rota de colisão. A tensão entre os dois parlamentares refletiu não apenas a polarização local, mas também os ecos de um cenário político nacional marcado por denúncias e tentativas de capitalização eleitoral em cima de crises institucionais.

Cabo Cardoso, em tom inflamado e com palavras cuidadosamente calculadas para atingir adversários sem violar diretamente os limites do decoro, usou a tribuna para criticar duramente o governo federal e apontar, sem mencionar nomes, para a suposta participação de um “ex-deputado federal da cidade” no esquema de fraudes que teria desviado milhões dos cofres públicos destinados a aposentadorias e pensões. Embora evitasse citar nomes, a referência ao ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), natural de Caruaru, foi evidente. "Caruaru estampado nos jornais. O ex-deputado federal da cidade envolvido até o talo. Nossos aposentados e idosos que passaram a vida inteira trabalhando sendo assaltados. Confio no trabalho da polícia”, disse o vereador, mirando em uma narrativa que liga corrupção a figuras políticas tradicionais e reforça o discurso bolsonarista de combate à velha política.

A resposta de Fagner dos Animais veio com igual intensidade, em tom de defesa partidária e pessoal. O pedetista não apenas citou Wolney nominalmente, como também acusou Cabo Cardoso de tentar criar uma conexão direta entre o escândalo e o ministro, mesmo sem provas ou investigações que envolvam oficialmente o nome de Queiroz. “O vereador precisa ter responsabilidade ao que fala, já que aqui não deram nome ao ex-deputado Wolney, mas aqui eu falo o nome dele. O vereador quer associar o que aconteceu com Wolney, e isso não vai colar”, afirmou, elevando o tom e expondo a estratégia oposicionista de tensionar o debate público em ano pré-eleitoral.

A sessão se transformou em um ringue político, onde cada palavra era meticulosamente escolhida para ferir, defender ou provocar. A menção indireta ao nome do ministro provocou um mal-estar imediato entre os parlamentares, e o clima dentro do plenário ficou visivelmente carregado, com olhares trocados e intervenções cada vez mais duras. O episódio revela como escândalos nacionais, mesmo quando ainda sem desdobramentos locais concretos, são absorvidos e reinterpretados no cenário político municipal, muitas vezes servindo de munição para embates que ultrapassam as fronteiras da gestão local.

A disputa entre os dois vereadores também escancarou o redesenho das alianças e rivalidades na política de Caruaru, onde figuras como Wolney Queiroz ainda exercem influência significativa, e a ascensão de nomes ligados ao bolsonarismo, como Cabo Cardoso, tende a acirrar os debates em plenário. O uso de pautas federais como instrumento de desgaste político local se intensifica à medida que o calendário eleitoral se aproxima, transformando a Câmara em um palco de disputas simbólicas com reflexos diretos na narrativa construída junto à população.

O embate, embora centrado em declarações e defesas, traduziu uma divisão política que vai além da ideologia. Ele revelou a disputa por espaço, narrativa e protagonismo em uma cidade que se tornou centro de atenção com a nomeação de um filho da terra para o ministério, e que agora se vê em meio a tentativas de associar seu nome a um escândalo em plena investigação. O caso do INSS, portanto, mais do que apenas uma denúncia nacional, virou também combustível para um embate local que promete reverberar pelos próximos meses nas tribunas, nas ruas e nas redes sociais.

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