terça-feira, 29 de julho de 2025

BRASIL SAI NOVAMENTE DO MAPA DA FOME E É DESTAQUE EM RELATÓRIO DA ONU

O Brasil voltou a registrar um importante avanço na luta contra a fome. De acordo com novo relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas (ONU), o país saiu novamente do Mapa da Fome, elaborado pela FAO — a agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. A informação foi oficializada durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em Adis Abeba, na Etiópia, diante de representantes de dezenas de países. A principal métrica utilizada para definir a exclusão do Brasil do mapa é a taxa de subnutrição: menos de 2,5% da população brasileira está em risco de não ter acesso suficiente a alimentos, um patamar abaixo do limite considerado de alerta pela FAO.

O Mapa da Fome é um instrumento global que monitora a situação alimentar nos países e busca entender se as populações têm acesso estável e contínuo à comida em quantidade adequada para manter uma vida ativa e saudável. Estar fora da lista representa não apenas uma conquista estatística, mas um reconhecimento de políticas públicas e esforços sociais que se refletem diretamente na mesa das famílias brasileiras. Essa mudança no status do Brasil ocorre após um período crítico. O país havia deixado o mapa em 2014, resultado de uma série de políticas de combate à pobreza e de ampliação de programas de segurança alimentar. No entanto, entre 2018 e 2020, a crise econômica, o aumento do desemprego e os impactos da pandemia da Covid-19 contribuíram para o retrocesso: em 2022, a ONU voltou a incluir o Brasil no Mapa da Fome, acendendo um alerta global.

Desde então, houve uma mobilização nacional para reverter o cenário. A combinação entre retomada de programas sociais de transferência de renda, incentivos à agricultura familiar, aumento da cobertura do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o fortalecimento de redes de assistência emergencial contribuiu para melhorar os indicadores. A redução da insegurança alimentar grave indica que as políticas chegaram às camadas mais vulneráveis da população. Dados recentes da Rede PENSSAN (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) também demonstram uma queda nos níveis de fome extrema em todas as regiões do país, especialmente nas áreas urbanas e nos territórios com presença consolidada de programas sociais.

A ONU destacou a importância da atuação coordenada entre os diferentes níveis de governo, sociedade civil, movimentos populares e organizações internacionais para atingir o resultado. Além disso, ressaltou que a recuperação brasileira é vista como referência para outros países que enfrentam retrocessos alimentares. O relatório ainda alerta que o Brasil precisa manter a vigilância constante sobre os índices de desigualdade e garantir que os avanços não sejam interrompidos. A fome, segundo a FAO, é um fenômeno estrutural e multifatorial, que depende de estabilidade econômica, inclusão social e acesso democrático aos recursos. Embora o país tenha saído da lista mais crítica, a insegurança alimentar moderada ainda afeta uma parte significativa da população, o que exige esforço contínuo para garantir que todos possam comer com dignidade.

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