Segundo o MP, Bruno Henrique teria provocado intencionalmente a advertência disciplinar na partida contra o Santos, realizada no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, no mês de novembro daquele ano. O juiz destacou, em sua decisão, que as provas reunidas na fase de investigação sugerem que o atleta teve a intenção clara de forçar a punição por parte da arbitragem, ação esta que teria sido incentivada por seu irmão, Wander Nunes, com o objetivo de obter vantagem financeira com apostas que previam justamente a penalidade.
Ainda conforme o despacho, há indícios de que a conduta do jogador e de seu irmão estaria alinhada com um esquema mais amplo de manipulação de eventos específicos dentro de partidas de futebol, mecanismo utilizado para fraudar apostas em plataformas online. No entanto, o magistrado rejeitou tornar réus Bruno Henrique, Wander Nunes e outros sete envolvidos por estelionato, crime que o MP havia apontado como sendo cometido contra as casas de apostas. Segundo Barbagalo, as informações constantes nos autos, até o momento, não justificam a acusação por esse tipo penal.
O juiz também descartou a aplicação imediata de medidas cautelares contra os denunciados, como o bloqueio de passaportes ou a imposição de fiança no valor de R\$ 2 milhões, como havia solicitado o Ministério Público. A defesa dos acusados, por sua vez, terá o prazo legal de dez dias para apresentar resposta à acusação, contados a partir da citação formal, que deverá ocorrer nos próximos dias. A ação penal segue agora para a fase de instrução, quando serão colhidos depoimentos e novas provas.
Do lado do Ministério Público, permanece a possibilidade de recurso para tentar reverter a rejeição da denúncia por estelionato, o que poderá ser apreciado por instância superior. Já os advogados de Bruno Henrique e Wander Nunes também podem recorrer contra a aceitação da denúncia por fraude em evento esportivo, crime previsto no artigo 41-C do Estatuto do Torcedor, cuja pena pode chegar a seis anos de prisão. A data para o início do julgamento ainda será definida pelo Tribunal, mas o caso já se soma a outros que colocam sob suspeita a integridade de partidas do futebol brasileiro.
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