DANIEL COELHO TENTA RETOMAR MANDATO EM 2026 APOSTANDO NA RMR E NA PAUTA AMBIENTAL

Após amargar a primeira derrota significativa de sua carreira política nas eleições de 2022, mesmo com uma expressiva votação de mais de 110 mil votos, o ex-deputado federal Daniel Coelho (PSD) volta ao tabuleiro político com a missão de reconstruir sua trajetória em meio a um cenário bem mais complexo. Na ocasião, foi vítima das regras do sistema proporcional, quando a federação partidária à qual estava vinculado não conseguiu atingir o quociente eleitoral. Agora, sem o capital político de outrora e com o desafio de reconquistar antigos aliados, Daniel busca viabilidade para 2026 enquanto enfrenta o desgaste acumulado com seu fraco desempenho na eleição municipal de 2020, quando disputou a Prefeitura do Recife, foi apoiado por Raquel Lyra e terminou apenas na quarta colocação, com pouco mais de 3% dos votos. A má performance naquela disputa consolidou um clima de desconfiança em torno de sua liderança, especialmente entre prefeitos e lideranças do interior que, em eleições anteriores, formavam a espinha dorsal de sua base de apoio.

Em 2022, Daniel teve o respaldo de nomes importantes no interior do estado, como os prefeitos de Caruaru, Vicência, São José da Coroa Grande, Igarassu e Catende, garantindo um total de 27.915 votos nessas cidades. No entanto, para 2026, não conta mais com o apoio de nenhum desses gestores municipais, o que compromete severamente sua penetração nas zonas interioranas. A falta de sustentação fora da Região Metropolitana do Recife (RMR) força o ex-deputado a concentrar todos os seus esforços no eleitorado urbano, especialmente no Recife e nas cidades do entorno, onde teve desempenho relevante. Nas urnas da capital, por exemplo, conquistou 34.889 votos em 2022, o que representa mais da metade dos 64.109 votos que recebeu na RMR como um todo. A estratégia agora é aprofundar essa presença urbana e tentar mobilizar um eleitorado mais identificado com pautas ambientais e urbanas, em um esforço de reconstrução que passa também por novas alianças.

Nesse processo, uma das movimentações mais significativas de Daniel Coelho foi a aliança com o vereador recifense Davi Muniz, que era pré-candidato a deputado estadual e havia anunciado publicamente uma dobradinha com o deputado federal Clodoaldo Magalhães (PV). No entanto, em um movimento surpreendente e que teria contado com o aval do Palácio do Campo das Princesas, Muniz rompeu a parceria com Clodoaldo e decidiu caminhar ao lado de Daniel. O gesto reforça o vínculo de ambos com a base da governadora Raquel Lyra e indica uma tentativa de reorganização estratégica dentro do campo governista, já com vistas às eleições de 2026. A aproximação com Davi é vista como uma aposta para potencializar os votos na capital e oxigenar a articulação política do ex-deputado, que agora também conta com a vitrine institucional da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha (Semas), cargo que assumiu recentemente.

À frente da pasta, Daniel Coelho tenta recuperar sua identidade política, fortemente marcada no passado pelo discurso ambiental e pelas propostas voltadas à sustentabilidade, temas que haviam ficado em segundo plano nos últimos anos. Com o novo cargo, ele espera reforçar sua imagem junto ao eleitorado progressista e urbano, apresentando resultados práticos de sua gestão e explorando a pauta verde como diferencial em meio ao debate público estadual. Ao mesmo tempo, seu partido, o PSD, já trabalha para montar uma chapa competitiva para a disputa proporcional de 2026. Além de Daniel, estão colocados como pré-candidatos à Câmara Federal o ex-prefeito de Olinda, Professor Lupércio, o ex-prefeito de São Vicente Férrer, Guiga Nunes, e o ex-vice-prefeito de Jaboatão, Jadson Caetano. Nos bastidores, ainda paira a dúvida sobre a candidatura de André de Paula e ganha força a especulação sobre a possível filiação do deputado Mendonça Filho, hoje no União Brasil, o que poderia reposicionar o partido da governadora como protagonista nas eleições federais.