Enquanto os nomes de Marília Arraes, Humberto Costa, Silvio Costa Filho e Miguel Coelho dominam os debates públicos sobre a sucessão ao Senado por Pernambuco, um movimento discreto, mas poderoso, vem sendo costurado nos bastidores: trata-se da pré-candidatura à reeleição do senador Fernando Dueire, do MDB. Suplente do ex-governador e ex-senador Jarbas Vasconcelos, Dueire assumiu a titularidade há dois anos e meio, após a renúncia do titular por motivos de saúde, e desde então trilhou um caminho estratégico silencioso, priorizando o atendimento direto aos prefeitos, destravando recursos e garantindo presença ativa nas regiões mais carentes do estado. Sem fazer alarde, o senador implantou um estilo de atuação pouco comum entre senadores, transformando seu gabinete em um espaço permanentemente aberto para prefeitos e lideranças municipais. Em várias ocasiões, inclusive, instalou estruturas de atendimento no interior, como em Salgueiro, onde montou um gabinete itinerante e atendeu 18 prefeitos dos Sertões do Araripe e Central em apenas um fim de semana. O modelo municipalista que escolheu seguir, diferente da postura mais nacionalizada que se espera de um senador, está rendendo resultados. De forma calculada, os apoios que conquistou vêm sendo anunciados gradualmente: já são 10 prefeitos que formalizaram publicamente o compromisso com a sua reeleição, e outros 76 prefeitos já assumiram informalmente o mesmo posicionamento, prometendo oficializar o apoio até o final do ano. Um dos mais recentes foi o prefeito de Saloá, Junior de Rivaldo, que destacou o compromisso do senador com os pequenos municípios, elogiando sua atuação como parceiro da cidade. “Dueire sempre esteve ao nosso lado, destinando recursos, apoiando projetos e entendendo as necessidades do povo. É um municipalista convicto que fortalece a gestão local”, disse. Já o prefeito Josafá Almeida, de São Caetano, foi mais longe: disse que Dueire inverteu a lógica do Senado, pois apesar de cuidar de temas nacionais, sempre está presente nos municípios, com emendas, projetos e articulação política. Segundo ele, as BRs 423 e 104 só estão com obras em andamento graças ao empenho direto do parlamentar. Também já declararam apoio os prefeitos de Lajedo (Erivaldo Chagas), Cachoeirinha (André Raimundo), Belo Jardim (Gilvando Estrela), São José do Egito (Fredson Brito), Itaíba (Pedro Pilota), Brejo da Madre de Deus (Roberto Asfora), Palmares (Junior de Beto) e João Alfredo (José Martins). A reconfiguração da cena política do MDB após a eleição de Raul Henry para o comando estadual do partido chegou a ameaçar a continuidade da candidatura de Dueire. Entretanto, o presidente nacional da legenda, deputado federal Baleia Rossi, fez questão de garantir a Fernando Dueire a condição de candidato natural do partido em Pernambuco, afirmando que a legenda estará com ele em 2026. O MDB tem atualmente 11 senadores, e dez deles, incluindo Dueire, estão habilitados à reeleição – apenas Renan Filho está no meio do mandato. Apesar das sinalizações de apoio a João Campos feitas por Henry, a cúpula nacional ainda não fechou questão sobre a aliança estadual, e uma fonte do MDB em Brasília confirmou que o partido estará onde estiver Fernando Dueire. Com esse respaldo, o senador ganhou fôlego para seguir ampliando sua base no interior e consolidar um palanque próprio. Ao mesmo tempo, o MDB nacional investe na manutenção das suas cadeiras no Senado como prioridade estratégica para 2026. Dueire, que já ensaia adotar o slogan de “senador municipalista”, numa contraposição direta ao "senador da saúde" que Eduardo da Fonte pretende usar, aposta na fidelização de prefeitos, nos resultados das emendas parlamentares já entregues e na articulação nos bastidores de Brasília para assegurar sua vaga na chapa majoritária. A cada novo apoio formalizado, o nome de Dueire se fortalece em uma disputa que, até pouco tempo, parecia não contar com ele entre os protagonistas.
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