De 2020 a 2024, as importações líquidas de café pela China aumentaram em 13,08 mil toneladas, sinal de um mercado em transformação. Ainda que o consumo per capita permaneça baixo — apenas 16 xícaras por ano, frente à média global de 240 —, o potencial de expansão é vasto. Especialistas apontam que o café tem ganhado espaço na cultura jovem chinesa, sobretudo em grandes centros urbanos, onde cafeterias vêm se multiplicando em meio à ascensão de um estilo de vida mais cosmopolita. A publicação da Embaixada ressalta esse avanço, celebrando o protagonismo que o produto brasileiro tem alcançado no país.
O movimento de aproximação comercial com a China ocorre no mesmo dia em que os Estados Unidos, principal destino do café brasileiro, anunciaram a imposição de uma tarifa de 50% sobre o produto. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump, entrará em vigor em 6 de agosto e deve afetar profundamente o desempenho das exportações nacionais para o mercado norte-americano. O impacto será sentido especialmente no segmento de café arábica, preferido pela indústria de torrefação dos EUA.
Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) revelam a dimensão dessa dependência: só nos seis primeiros meses de 2025, foram embarcadas 3.316.287 sacas de 60 quilos de café para os Estados Unidos, o equivalente a cerca de 23% das exportações totais do setor. A China, em comparação, ocupa atualmente a décima colocação no ranking de compradores do café brasileiro, com 529.709 sacas enviadas no mesmo período. Isso representa um volume 6,2 vezes menor que o vendido aos norte-americanos, mas o crescimento chinês aponta para uma reconfiguração promissora do cenário internacional.
A decisão chinesa pode funcionar como uma válvula de escape para os exportadores brasileiros diante do tarifaço norte-americano, embora o Ministério da Agricultura e o Cecafé ainda não tenham se pronunciado oficialmente sobre o assunto. Internamente, o setor cafeeiro acompanha com atenção os desdobramentos, ciente de que a diversificação de mercados será essencial para mitigar os efeitos das novas barreiras comerciais impostas por Washington. A expansão das exportações para a China não apenas abre novas portas, mas também sinaliza uma mudança estratégica no destino do principal produto da agricultura brasileira.
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