Segundo o documento, a empresa em questão, Coutinho Assessoria Ltda., foi constituída em 7 de julho de 2023, apenas cinco meses depois de Dani Portela ter iniciado seu mandato. Curiosamente, apenas 24 dias após sua criação, a empresa começou a prestar serviços ao gabinete da deputada, com contratos para “consultoria e trabalhos técnicos”, recebendo inicialmente a quantia mensal de R\$ 14.711,20. Com o reajuste da verba indenizatória da Alepe em junho de 2024, o valor mensal destinado a esses serviços aumentou para R\$ 23.856,00.
Os dados públicos do Legislativo pernambucano indicam que, desde agosto de 2023, a Coutinho Assessoria recebeu um total de R\$ 457.200,00 em recursos provenientes da verba indenizatória da Alepe. Esse montante corresponde a 36,6% de todas as verbas indenizatórias liberadas para o gabinete da deputada Dani Portela desde o início de seu mandato, tornando a empresa a maior beneficiária dessas despesas no gabinete.
O relatório anexo à denúncia detalha ainda que a Coutinho Assessoria pertence a Wildson Pinto Coutinho, tio do marido da deputada. A relação familiar se estende com Wildson sendo casado com Ana Virgínia Souza Coutinho, que é tia materna de Jesualdo. Além disso, Wildson é filiado ao mesmo partido que Dani Portela, o PSOL, o que reforça os laços políticos e pessoais entre os envolvidos. A denúncia também inclui capturas de registros em redes sociais que evidenciam a proximidade e o contato frequente entre os membros da família.
Outro ponto mencionado no documento é a ausência de uma sede própria da empresa Coutinho Assessoria. A empresa está registrada em um espaço de coworking localizado no bairro da Boa Vista, no Recife, o que pode indicar a falta de uma estrutura física consolidada para prestação dos serviços contratados. Este detalhe é relevante para questionar a real capacidade operacional da empresa e a legitimidade da contratação.
A reportagem do Portal de Prefeitura entrou em contato com a assessoria da deputada Dani Portela buscando uma manifestação sobre as alegações feitas na denúncia, mas até a data da publicação não houve resposta oficial. Da mesma forma, os demais envolvidos na acusação mantiveram-se em silêncio, com espaço aberto para qualquer eventual posicionamento futuro. A denúncia foi encaminhada também ao Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE), que deverá analisar os indícios apresentados para avaliar possíveis irregularidades no uso de verbas públicas.
A questão suscitada pela denúncia provoca discussões acerca da transparência no uso de recursos públicos destinados a gabinetes parlamentares, especialmente em relação à contratação de empresas ligadas a familiares ou pessoas próximas, prática que pode configurar conflito de interesses ou favorecimento indevido. Os valores elevados pagos pela Assembleia Legislativa à empresa Coutinho Assessoria, somados ao curto período entre a criação da empresa e o início dos contratos, levantam dúvidas sobre a lisura da operação.
Este cenário reforça a importância do controle social e da fiscalização rigorosa por parte dos órgãos competentes para garantir que recursos públicos sejam aplicados de forma adequada, evitando possíveis desvios e favorecimentos pessoais. Enquanto isso, a denúncia aguarda uma apuração detalhada para que se esclareçam todos os fatos e responsabilidades envolvidas, assegurando a transparência e a ética na administração pública.
Informações do Portal das Prefeituras
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