O pedido foi formalizado pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Viana, a prisão não pode impedir que Antunes esclareça detalhes sobre a rede de fraudes que drenou recursos da Previdência Social e vitimou milhares de beneficiários. “Queremos saber como conseguiu roubar com tanta facilidade, quem eram os servidores envolvidos e se houve participação de políticos nesse esquema”, ressaltou.
A prisão do “Careca” ocorreu em paralelo à deflagração da Operação Cambota, um desdobramento da Sem Desconto, autorizada pelo ministro do STF André Mendonça. Nesta etapa, a Polícia Federal também deteve o empresário Maurício Camisotti, outro nome já intimado para depor na CPMI.
Os investigadores apontam que o grupo chefiado por Antunes criou um verdadeiro sistema paralelo dentro do INSS, movimentando centenas de milhões de reais em descontos irregulares e concessões fraudulentas de aposentadorias e pensões. A suspeita é de que agentes públicos tenham oferecido suporte técnico e administrativo para garantir a continuidade do esquema ao longo dos últimos anos.
A convocação de Antunes é considerada crucial pelos membros da CPMI. Somente para garantir sua oitiva, foram apresentados 14 requerimentos diferentes, entre eles do próprio presidente do colegiado e do relator, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL). Nos bastidores, a expectativa é de que Antunes seja pressionado a revelar não apenas a logística da fraude, mas também eventuais padrinhos políticos e servidores que teriam colaborado para blindar o esquema.
Para especialistas em direito previdenciário, o depoimento pode se transformar em um divisor de águas. Se o empresário decidir colaborar, pode abrir uma nova frente de investigação, atingindo não só intermediários, mas também figuras de peso no cenário político nacional. Caso se mantenha em silêncio, como tem acontecido em outras CPIs, o colegiado deverá intensificar as quebras de sigilos e diligências de campo.
A CPMI do INSS nasceu sob pressão popular, diante do crescimento exponencial das denúncias de fraudes e descontos indevidos em aposentadorias e pensões. O caso do “Careca do INSS” é emblemático porque simboliza a falência dos mecanismos de controle interno da Previdência e expõe a vulnerabilidade de milhões de brasileiros que dependem do benefício para sobreviver.
Enquanto isso, a prisão de Antunes reforça a narrativa da Polícia Federal de que o esquema possuía ramificações em todo o país e não se tratava de um ato isolado. A Operação Cambota já resultou em bloqueio de bens, apreensão de documentos e análise de contratos suspeitos que podem ajudar a mapear a teia de favorecimentos.
Agora, todos os olhares se voltam para o STF, que deverá decidir se libera ou não a ida do “Careca do INSS” à CPMI. Uma presença que, para muitos, pode ser explosiva e redefinir os rumos da investigação parlamentar.
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