Cabrobó - É perto de meio-dia. Numa casa de taipa no Sítio Curralinho Dois, zona rural de Cabrobó, Sertão do estado, o agricultor Pedro Rodrigues Landim, 77 anos, toma seu “café preto” numa banda de quenga de coco que serve de xícara. Enquanto espera pelo almoço – arroz, feijão e macarrão – olha para o lado de fora e testemunha uma das maiores secas que já vivenciou. Na terra, nada vingou e os animais apenas sobrevivem. A água só aparece a cada 15 dias trazida pelo carro-pipa do governo. Apesar de entregar seu destino a Deus, Pedro sabe que seu presente poderia estar melhor pelas mãos dos homens. Sua casa fica a 20 quilômetros do leito do Rio São Francisco. O canal da transposição corta a sua propriedade. Mas a tão anunciada água nunca chegou.
Para o município, o Velho Chico tem serventia apenas para as famílias que cultivam nas margens com a ajuda de sistemas caseiros de adutoras. Agricultor e sofredor. É assim que Pedro se apresenta às visitas. Sua história de vida explica o porquê. Com a esposa Guiomar da Conceição Landim, 72 anos, ele criou 11 filhos e ajudou a cuidar dos 30 netos e dez bisnetos.
Mas a fartura só existe na quantidade de membros da família. Em 1983, “quando era moço”, diz ele, enfrentou uma seca semelhante à atual, mas essa foi mais fácil de atravessar. “Ainda tinha força para trabalhar, então fui para a beira do São Francisco e lá plantei arroz e palha para o gado. Mas neste ano e nessa idade, não deu para ir a canto nenhum. Estou aqui esperando a providência divina”, conforma-se. Como o inverno passou e a chuva não chegou no Sertão, Pedro viu a lavoura de feijão, milho e cebola que havia plantado em fevereiro esturricar debaixo do sol. Como não conseguiu colher, o jeito está sendo comprar a comida na feira que, por conta da estiagem, está cadavez mais amarga para o sertanejo. “A gente está gastando R$ 7 para comprar um quilo de feijão. Antes era R$ 1,50. A gente está comendo cada vez menos para poder dar para todo mundo”, relata o agricultor, que mora com mais nove pessoas da família.
A água também é regrada. Guiomar conta que a lei da casa é de apenas um banho por dia e o suficiente apenas para “tirar o calor do corpo”. “Tudo é na cuia porque tem torneira, mas não chega água. A roupa mesmo só lavo a cada20 dias para não gastar a água da cisterna, que é para beber”, diz. A água que a família usava para dar aos animais era do riacho Terra Nova, que está praticamente seco. Uma vaca deles morreu atolada na lama, na semana passada, quando foi tentar matar a sede no fio de água.
A barragem de Umari, a poucos quilômetros do sítio, está com o chão rachado. Ironicamente, dentro da propriedade dos agricultores passa o canal da transposição do São Francisco, que também está seco. “A gente tinha pé de manga, coqueiro, goiabeira, tudo aí no lugar desse canal. Aí eu pensei: se é para ter água para todo mundo, tudo bem. Destruíram tudo e até hoje a água não veio. Se vier um dia, acho que não estarei mais aqui para ver”, lamenta Pedro.
Canal do terraço
No Sítio Riacho do Angico, em Cabrobó, o agricultor Joaquim de SouzaNeto, 58, vê o canal da transposição do terraço da sua casa. “De noite, é bonito. As máquinas passam e as luzes ficam ligadas, parece uma cidade”, compara. Mas o São Francisco também não serve a Joaquim, que só tem água que acumula na cisterna, enchida pelos carros-pipa, e em uma cacimba que deve matar a sede do gado até os próximos dois meses. Como seu sustento é tirado da terra, o agricultor está passando os dias com a ajuda da aposentadoria da mãe enquanto o dinheiro do Garantia Safra não chega.
De acordo com o gerente regional do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) de Salgueiro, Luiz Carlos Ferreira, o órgão está finalizando os laudos que vão apontar quantas famílias perderam suas lavouras. O documento será enviado ao governo federal, que fará a liberação dos recursos. A previsão é que o pagamento do seguro comece a ser feito entre junho e julho. Para os que não forem atendidos por esse programa, o governo do estado promete pagar o Bolsa Estiagem.
Oásis
Para quem mora à margem do São Francisco, os impactos causados pela seca quase não são percebidos. Na Fazenda São Miguel, o agricultor Walter Bispo, 34, conseguiu trabalho e está plantando cebola e feijão. “É daqui que estou tirando a feira da casa. A seca neste ano foi braba, mas aqui ainda dá para aproveitar a terra”, conta. O também agricultor João Gabriel de Souza, 43, que mora na propriedade, respira aliviado por estar tão perto do rio. “Colocamos bombas e puxamos a água do rio para irrigar. Aqui, nossa seca é verde.”
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Câmara Aprova PEC do Trabalho Escravo
Agência Câmara
O Plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira (22), em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438/01, do Senado, que permite a expropriação de imóveis rurais e urbanos onde a fiscalização encontrar exploração de trabalho escravo. Esses imóveis serão destinados à reforma agrária ou a programas de habitação popular.
A proposta é oriunda do Senado e, como foi modificada na Câmara, volta para exame dos senadores.
Segundo o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), quem explora trabalho escravo já está sujeito a reclusão de dois a oito anos e multa, além da pena correspondente à violência praticada. A pena é aumentada da metade se o crime é cometido contra criança ou adolescente ou por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Acordo para votação
A votação da PEC só foi possível depois de um acordo dos líderes partidários, em reunião na tarde desta terça. A proposta passou com 360 votos a favor, 29 contra e 25 abstenções. O texto precisava de 308 votos para ser aprovado.
O presidente da Câmara, Marco Maia, comemorou a aprovação da proposta. “O placar surpreendente demonstra que a grande maioria do Parlamento compreendeu que é fundamental erradicar o trabalho escravo”, disse.
Marco Maia anunciou que, no decorrer da semana, será criada uma comissão mista de cinco senadores e cinco deputados para discutir a elaboração de um projeto de lei que regulamente a PEC. Para Marco Maia, é preciso fazer uma diferenciação entre o que é trabalho escravo e o que é desrespeito à legislação trabalhista.
Renato Araújo
Marco Maia: "maioria do Parlamento compreendeu que é fundamental erradicar o trabalho escravo”.
Opinião pública
O alto índice de aprovação surpreendeu a maioria dos parlamentares, já que havia uma expectativa de rejeição expressiva dos parlamentares ligados ao agronegócio. Até o início da votação, deputados da bancada ruralista disseram que tentariam esvaziar a sessão e votariam contra o texto se fosse atingido o quórum, mas apenas 29 foram contrários.
Para o deputado Claudio Puty (PT-PA), que é presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Trabalho Escravo, a pressão da opinião pública falou mais alto. “Eu estava muito temeroso do resultado, e os 360 votos favoráveis impressionaram. A lição de hoje é que a pressão popular faz efeito. Muitos não estavam ao lado da PEC antes de iniciada a votação”, disse.
O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), contrário à PEC, concorda que a pressão falou mais alto. “Apenas 29 deputados tiveram a coragem de assumir o seu voto”, reclamou.
Câmara libera candidaturas de “CONTAS-SUJAS” para pressionar TSE
Numa votação relâmpago, e de surpresa, pois não estava prevista na pauta original do dia, a Câmara aprovou ontem (22/05), com apoio de todos os partidos, projeto que permite aos políticos receberem o registro de suas candidaturas mesmo quando tiverem contas eleitorais desaprovadas – a chamada “conta-suja”.
A aprovação da proposta foi apresentada pelos próprios deputados, nos bastidores, como uma forma de pressionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a rever resolução aprovada este ano que impede a concessão do registro de candidaturas para aqueles que tiveram prestações de contas de campanhas eleitorais anteriores reprovadas.
Ministros do próprio TSE já admitiam, reservadamente, esse recuo.
O projeto 3839/2012, do deputado Roberto Balestra (PP-GO) – aprovado com voto contrário apenas do PSOL – determina que a certidão de quitação eleitoral será dada aos candidatos que apresentarem à Justiça Eleitoral a prestação de contas da campanha anterior, conforme determina a lei, “ainda que as contas sejam desaprovadas”.
O Globo
Coreia do Sul anuncia primeira castração química de estuprador
A Coreia do Sul procederá pela primeira vez a castração química de um pedófilo, condenado várias vezes pelo estupro de menores de idade, anunciou o ministério sul-coreano da Justiça.
O homem de 45 anos, identificado como Park, deve ser libertado em julho, ao fim de uma pena de 10 anos por tentativa de violação de um garoto de 10 anos.
Durante os próximos três anos, a cada três meses, Park receberá uma injeção de um produto destinado a reduzir sua libido, apesar de não ter aceitado, afirmou Kim Hyung-Yul, funcionário do ministério da Justiça.
AFP
Nem João da Costa nem Rands. Humberto Costa pode ser indicado candidato pela Executiva Nacional do PT
Nos bastidores políticos do PT, já se trabalha fortemente com a hípótese de que os dois candidados que concorreram às prévias no domingo, o prefeito João da Costa e o deputado federal Maurício Rands, acabaram se inviabilizando, tamanho o acirramento entre as correntes internas. Daí a movimentação para afastar os dois e indicar o senador Humberto Costa, da corrente CNB, a mesma de Rands, para a disputa de outubro. Na banda petista de João da Costa, existe a leitura de que até recentemente poderado, Rands perdeu completamente o equilíbrio.
Caso caia no colo do petista a indicação, não há nenhuma garantia de que a pacificação seja possível. No domingo passado, dias das prévias, o senador era um dos principal alvos da militância ligada ao prefeito João da Costa. Em todas as zonais em que passou, sofreu uma espécie de bullying político, com ataques a sua vida pessoal.
LUTO - Médico Nelson Caldas sera sepultado daqui a pouco no Morada da Paz
Acontece no final da manhã de hoje, no Cemitério Morada da Paz, no Paulista, o sepultamento do professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e médico Nelson Caldas. O enterro está marcado para as 11h e o velório acontece no Salão Nobre do Hospital Português.
Nelson Caldas tinha 79 anos. Nascido em abril de 1933, ingressou na UFPE em 1958 e se aposentou em 2003. Fez Especialização em Cirurgia Otorrinolaringológica em 1962, e Doutorado em Cirurgia em 1977.
O professor foi nomeado professor assistente da Faculdade de Medicina, em 1958 e, em 1976, tornou-se professor titular da disciplina de Otorrinolaringologia (ORL). Entre outras atividades, conseguiu criar um serviço de Otorrinolaringologia no Hospital das Clínicas e estabeleceu um programa de residência que tem permitido o treinamento de um grande número de jovens médicos em todo o Nordeste. Em 1999, deu mais passo para a solidificação do ensino na área de Ciências da Saúde, sendo um dos fundadores do curso de graduação em Fonoaudiologia da UFPE. Em 2007, foi homenageado pela Universidade com o título de Professor Emérito.
Dilma: ‘Governo investe para diminuir os efeitos da estiagem’
A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (22), na coluna Conversa com a Presidenta, que o governo trabalha para diminuir os efeitos da estiagem no semiárido, área que abrange todos os estados do Nordeste e parte de Minas Gerais. Ao responder pergunta do professor Patrick Cabral da Silva, morador de Barra do Corda (MA), sobre as iniciativas do governo, a presidenta destacou que R$ 2,7 bilhões serão utilizados em várias ações de combate à seca e na antecipação das metas do programa Água para Todos.
“Instalaremos 32 mil cisternas de consumo, 2,4 mil sistemas simplificados de abastecimento, 1,2 mil barreiros e vamos recuperar 2,4 mil poços. Outros R$ 164 milhões serão destinados à Operação Carro Pipa, para a distribuição de água potável”, disse.
Dilma também falou sobre a criação de linhas de crédito para ajudar os agricultores familiares e os produtores rurais e agroindustrias da região. Segundo ela, para os pequenos produtores, o limite de crédito é de R$ 2,5 mil a R$ 12 mil, com juros de 1% ao ano. Para os médios e grandes produtores e agroindustriais, o limite de crédito é de R$ 100 mil, com juros de 3,5% ao ano.
Mulher de Cachoeira causa alvoroço no Congresso
A mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, causou alvoroço na chegada ao Congresso Nacional para acompanhar o depoimento do marido. Apelidada de “musa da CPI”, Andressa trajava blusa branca e óculos escuros e preferiu não falar com a imprensa.Assim como o marido, também manteve o silêncio, informou o portal iG.
Diferentemente de Cachoeira, que entrou escondido no Senado pelo gabinete do ex-líder petista Humberto Costa (PE), Andressa caminhou pelos corredores da Casa acompanhada de seguranças.No trajeto até a sala onde estava Cachoeira, ao lado do plenário da CPI, ela causou um “strike” de repórteres e cinegrafistas que a seguiam e tropeçaram nos fios de “spots” de luz. Andressa chegou ao Senado por volta de 13h25, dez minutos após Cachoeira.
Do gabinete de Costa, usou uma “passagem estratégica”, nos fundos da sala de Costa, para driblar os jornalistas e acompanhar o início da sessão de uma sala próxima à CPI.A viatura que transportou Cachoeira do presídio da Papuda foi escoltada por dois carros, um do departamento penitenciário da Papuda e outro da Polícia Federal.
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