NA LUPA 🔎
BLOG DO EDNEY
Por Edney Souto
A CONTA PARA O SENADO NÃO BATE PARA JOÃO CAMPOS
Disputa Atípica: A Corrida ao Senado em 2026 Ganha as Ruas com Cinco Candidatos de Peso em Uma Mesma Corrente
Miguel Coelho, Sílvio Costa Filho, Humberto Costa, Fernando Dueire e Marília Arraes se enfrentam em um cenário de sobreposição de palanques
A corrida pelo Senado em Pernambuco em 2026 começou de forma antecipada e intensa, com cinco pré-candidatos de peso já movimentando suas bases eleitorais em um cenário político atípico. Enquanto a eleição municipal de 2024 prepara o terreno para a disputa estadual, tanto para o governo quanto para o Senado, figuras como Miguel Coelho, Sílvio Costa Filho, Humberto Costa, Fernando Dueire e Marília Arraes já iniciaram uma verdadeira batalha nas ruas. Os candidatos utilizam o palco das campanhas municipais para se aproximar dos eleitores, firmar alianças e consolidar suas bases, transformando a disputa em uma sobreposição de palanques e apoios.
Recentemente, em Camaragibe, essa sobreposição ficou evidente. O ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, e o ministro das Cidades, Sílvio Costa Filho, participaram de uma carreata ao lado do candidato a prefeito Diego Cabral e de sua vice, Débora, ex-comandante da Guarda Municipal. No entanto, dois dias antes, os senadores Humberto Costa e Fernando Dueire haviam caminhado pelas mesmas ruas, ao lado do mesmo candidato, em um claro sinal de que a batalha pelos apoios locais está apenas começando. Em um ambiente onde os prefeitos tentam manter boas relações com todos os lados, Camaragibe se tornou um símbolo dessa disputa acirrada pelo Senado.
Humberto Costa e Fernando Dueire: A força do mandato e das emendas
Os senadores Humberto Costa (PT) e Fernando Dueire (MDB) entram na disputa com uma vantagem significativa: ambos estão em mandato e, por isso, têm o poder de destinar emendas parlamentares para as cidades onde possuem apoio. Dueire, que assumiu a vaga de senador após a renúncia de Jarbas Vasconcelos, se define como um "senador municipalista", com uma base sólida em cerca de 100 municípios pernambucanos. Seu trabalho em Brasília, recebendo prefeitos e resolvendo pendências na capital federal, tem sido parte de sua estratégia para ampliar sua capilaridade no estado.
Humberto Costa, por sua vez, é um dos políticos mais experientes de Pernambuco e possui um histórico de forte atuação no interior. Com emendas destinadas a diversos municípios e uma relação próxima com o governo Lula, Humberto tem utilizado seu mandato para fortalecer suas bases e garantir apoio nas cidades onde atua. A dobradinha que formou com Dueire em alguns palanques municipais reforça a ideia de que os dois senadores pretendem dividir apoios no interior, uma estratégia que pode se mostrar eficaz na consolidação de suas candidaturas.
Miguel Coelho e Sílvio Costa Filho: A nova geração na disputa pelo Senado
Miguel Coelho (União Brasil), ex-prefeito de Petrolina, e Sílvio Costa Filho (Republicanos), atual ministro das Cidades, representam a nova geração da política pernambucana e chegam à disputa com um forte apelo junto ao eleitorado jovem e interiorano. Ambos têm se destacado nas campanhas municipais, utilizando sua influência política e o acesso a recursos federais para apoiar candidatos em diversas cidades. Miguel, com sua base sólida no Sertão e o legado da família Coelho, tem um peso considerável na disputa, especialmente com a aliança formada com João Campos nas eleições municipais de 2024.
Sílvio Costa Filho, por sua vez, utiliza sua posição como ministro para garantir apoio em diversas cidades do estado, especialmente em áreas urbanas e metropolitanas, onde suas ações como gestor de pastas importantes no governo federal lhe conferem grande visibilidade. Sua presença ao lado de Miguel em Camaragibe demonstra a aliança tática entre os dois, que tentam dividir o espaço no interior e nas áreas metropolitanas, onde têm atuado fortemente em busca de apoio.
Marília Arraes: Uma jogadora de peso que se lança na disputa
A recente entrada de Marília Arraes (Solidariedade) na corrida pelo Senado trouxe ainda mais complexidade ao cenário político. Marília, que foi ao segundo turno na eleição estadual contra Raquel Lyra em 2022, é uma figura popular em Pernambuco, com forte apoio entre as classes populares e uma base consolidada em diversas regiões do estado. Sua trajetória política a coloca como uma das candidatas mais competitivas na disputa por uma das vagas ao Senado, e sua decisão de se lançar antecipadamente na corrida pressiona ainda mais os outros candidatos a buscar alianças e apoios locais.
Marília traz à disputa uma narrativa de luta e proximidade com o eleitorado mais popular, algo que pode atrair um segmento importante de eleitores insatisfeitos com as opções mais tradicionais. Com forte presença no Recife e no interior, sua candidatura ao Senado reforça a polarização no cenário político e a necessidade de articulações estratégicas para evitar que a fragmentação dos votos beneficie apenas um ou dois candidatos.
Raquel Lyra: Mais opções e um cenário menos complexo
Para a governadora Raquel Lyra, a configuração da chapa governista para 2026 pode ser menos complexa em comparação ao cenário enfrentado por João Campos. Raquel tem uma série de opções à disposição para formar sua chapa ao Senado, como Eduardo da Fonte, jovem deputado e atual presidente estadual do PP, ou até mesmo sua atual vice-governadora, Priscila Krause. Ambas as figuras têm qualidades que atraem o eleitorado e representam diferentes segmentos da base governista. Eduardo da Fonte, com seu perfil jovem e competente, é visto como um nome promissor para ocupar uma das vagas ao Senado.
Além disso, Raquel também pode optar por um alinhamento com o PT de Humberto Costa ou até com o PSD de André de Paula, ampliando as possibilidades de apoio federal e fortalecendo sua posição para a reeleição. A flexibilidade política que Raquel possui lhe permite negociar com mais liberdade, sem as mesmas pressões enfrentadas por João Campos, que deve equilibrar as demandas de diferentes partidos dentro de sua base de apoio.
Candidatos ao governo e o impacto nas escolhas para o Senado
Com seus postulantes de peso para o Senado até agora, tanto Raquel Lyra quanto João Campos terão papéis centrais na escolha dos postulantes às duas vagas em disputa. João Campos enfrentará mais problemas do que Raquel, já que, neste momento, os seis pré-candidatos ao Senado são de partidos que o apoiam no Recife. Já Raquel ficará mais livre para escolher seus candidatos sem tantas amarras, sendo capaz de negociar com diferentes partidos sem correr o risco de desagradar amplamente quem ficar de fora.
A hipótese de Raquel optar por Humberto Costa ou André de Paula reflete essa flexibilidade. Se decidir por Humberto, ela poderá ganhar tempo de TV e reforçar seu arco de alianças com o governo federal, enquanto uma aliança com André de Paula fortaleceria suas conexões com o PSD, um partido estratégico na política nacional e local.
Miguel Coelho como possível vice de João Campos?
Uma hipótese que tem ganhado força na Assembleia Legislativa é a possibilidade de Miguel Coelho ser deslocado para a vaga de vice-governador em uma eventual chapa com João Campos em 2026. Essa articulação, que permitiria a João garantir a reeleição de Humberto Costa ao Senado, poderia unir as forças políticas de Campos e da família Coelho, ampliando a base de apoio no estado. No entanto, essa estratégia precisa ser cuidadosamente calculada para não gerar atritos com outros aliados, como Sílvio Costa Filho, que também têm aspirações ao Senado.
Marília Arraes como fator decisivo
Com sua entrada na corrida, Marília Arraes adiciona uma nova camada de complexidade à disputa. Com seu forte apelo popular e sua presença consolidada em várias regiões do estado, Marília tem o potencial de polarizar ainda mais o cenário e atrair votos de eleitores que buscam uma alternativa às candidaturas tradicionais. Seu papel nas eleições de 2026 será central, seja como candidata ao Senado ou em outra posição de destaque.
Um campo político complexo para 2026
A antecipação da corrida pelo Senado em Pernambuco reflete a dinâmica complexa e competitiva que marcará as eleições de 2026. Com seis candidatos de peso já em movimentação, alianças estratégicas e articulações políticas serão fundamentais para definir quem ocupará as duas vagas disponíveis. Raquel Lyra e João Campos terão papéis centrais na definição dos rumos dessa disputa, que promete ser uma das mais acirradas dos últimos anos. É isso!