quarta-feira, 25 de junho de 2025

PRÉ-CANDIDATOS AO SENADO COM O PÉ NA ESTRADA NESSE PERÍODO JUNINO

No compasso do forró, os pré-candidatos ao Senado por Pernambuco têm aproveitado os festejos juninos como vitrine política e espaço de contato direto com a população. Em meio ao som da sanfona, do triângulo e da zabumba, cada passo no salão se transforma em gesto calculado de articulação, visibilidade e reafirmação de alianças. Humberto Costa (PT), que busca a reeleição, foi um dos que mais circulou pelos polos tradicionais do São João. No sábado, esteve em Caruaru, onde posou para fotos, cumprimentou aliados e reforçou sua presença no Agreste. No domingo, seguiu para Sairé e Vitória de Santo Antão, consolidando sua marca entre eleitores da Zona da Mata. Ainda na quinta e sexta, fez uma rota pelo Sertão e pelo Agreste Meridional, passando por Flores, Serra Talhada, Pedra, Venturosa e Angelim. Em todos esses municípios, Humberto apresentou um pacote de investimentos no valor de R\$ 4 milhões, reforçando o discurso de que tem entregas concretas a mostrar. Em Serra Talhada, participou ainda de reuniões internas sobre a disputa pelo comando estadual do PT, que está em ebulição.

Fora do Congresso, mas em plena atividade, Marília Arraes (Solidariedade) tem usado o São João como palco para fortalecer seu nome e ampliar alianças. Esteve em Petrolina, ao lado do prefeito recifense João Campos, em um gesto simbólico que ecoa na sucessão estadual e também no debate sobre a composição da chapa majoritária de oposição. Depois, seguiu para Salgueiro, onde conversou com lideranças sertanejas, e no domingo foi figura presente na Caminhada do Forró em Arcoverde, evento tradicional que atrai milhares de pessoas e políticos de todas as correntes. Marília aposta no carisma e na identidade com o interior para manter seu capital político ativo, mesmo sem mandato.

Miguel Coelho (União Brasil), ex-prefeito de Petrolina e presidente estadual da legenda, optou por um São João mais concentrado. Recebeu aliados em sua cidade, mantendo-se como anfitrião estratégico no Sertão do São Francisco. Só deixou Petrolina para participar da abertura do São João em Salgueiro, ao lado do irmão e deputado federal Fernando Filho. A festa foi organizada pelo prefeito Fabinho Lisandro (PSD), aliado da governadora Raquel Lyra, o que evidencia a tentativa de Miguel de manter pontes com setores ligados ao Palácio.

Um dos que mais rodou o estado nos últimos dias foi o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos). Em ritmo intenso, passou por sete cidades: Petrolina, Surubim, Altinho, Agrestina, Caruaru, Gravatá e Santa Cruz do Capibaribe. Em todas, conversou com prefeitos, apresentou projetos e mostrou desenvoltura popular. Foram mais de 40 gestores municipais com quem dialogou pessoalmente, destacando-se como um dos nomes com maior inserção entre as lideranças locais. Em algumas paradas, arriscou até cantar forró, reforçando sua imagem de político acessível. O giro também é parte de sua estratégia de visibilidade como potencial candidato ao Senado, caso confirme seu nome na disputa.

Entre os nomes da direita, Anderson Ferreira (PL) e Eduardo da Fonte (PP) optaram por agendas mais discretas. Ambos foram vistos em Gravatá, importante polo turístico no Agreste, mas logo depois optaram por recuar e aproveitar os dias com a família. O senador Fernando Dueire (MDB), que tem mandato, usou o período para descanso e prometeu intensificar sua agenda política nos eventos de São Pedro, quando boa parte das lideranças volta a circular no interior.

Já a vereadora do PSOL, Jô Cavalcanti, que também se apresenta como pré-candidata, esteve em Caruaru e, em seguida, circulou por diversos polos culturais do Recife, fazendo falas com forte teor social e de defesa das tradições nordestinas. Sua agenda tem perfil mais militante e de presença nas bases urbanas e populares.

Por fim, Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e nome ligado ao bolsonarismo, viu sua participação nos festejos limitada por decisão judicial. Ele está impedido de deixar a comarca do Recife, como parte das medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Sua ausência foi notada especialmente em Caruaru, onde costuma subir ao palco com a banda Brucelose. Sem poder ir ao Alto do Moura, Gilson perdeu uma das principais vitrines políticas do ciclo junino.

PÚBLICO SENTIU FALTA DE GILSON MACHADO

A tradicional noite de São João em Caruaru teve um momento de surpresa e especulação na última segunda, 23 de junho, com a ausência notada do sanfoneiro Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e um dos fundadores da banda Brucelose. Gilson era aguardado para subir ao palco durante o show no Alto do Moura, reduto simbólico do forró e da cultura popular nordestina, mas não compareceu. A ausência, que não foi anunciada previamente nem explicada no palco, logo se espalhou entre o público e nos bastidores do evento. A explicação, no entanto, está no campo jurídico: Gilson Machado está proibido de sair da comarca do Recife por determinação do Supremo Tribunal Federal, em decisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

A restrição de mobilidade faz parte de um conjunto de medidas cautelares impostas por Moraes ao conceder liberdade provisória a Gilson Machado, após sua prisão por suposto envolvimento em atos antidemocráticos. O ex-ministro figura entre os investigados por participação em articulações golpistas contra o Estado Democrático de Direito, incluindo os desdobramentos dos atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Em sua decisão, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o investigado não pode se ausentar da comarca onde reside — no caso, o Recife — sem prévia autorização judicial. A medida tem como objetivo garantir que o investigado permaneça à disposição da Justiça e impeça riscos de fuga ou obstrução das investigações.

Ainda que tenha voltado a se apresentar publicamente após deixar o governo federal, Gilson vê agora sua carreira artística atravessada pelas consequências jurídicas do processo em tramitação no STF. A proibição de deslocamento o impede de cumprir uma agenda típica do período junino, marcada por viagens constantes pelo interior nordestino, onde ocorrem os principais festejos. A apresentação em Caruaru, por exemplo, era considerada uma das mais importantes da temporada, especialmente por ocorrer em um dos palcos mais prestigiados da festa, o do Alto do Moura, tradicionalmente frequentado por artistas ligados às raízes do forró.

A ausência de Gilson Machado no palco foi sentida tanto pelo público, quanto pelos demais membros da Brucelose, banda com mais de três décadas de estrada. O sanfoneiro é uma figura central no grupo, sendo responsável tanto por parte da identidade sonora quanto pelo apelo junto ao público. Apesar disso, a banda manteve o show, mas sem comentar publicamente a ausência do colega. Nos bastidores, circulava a informação de que a impossibilidade de viajar havia sido comunicada internamente dias antes, mas optou-se por não tornar o assunto oficial. A decisão judicial, com base no inquérito que corre em segredo de Justiça, tem validade por tempo indeterminado, o que pode afetar futuras apresentações agendadas para o interior de Pernambuco e outros estados.

A situação de Gilson Machado é semelhante à de outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro que estão sob investigação por envolvimento em supostas tentativas de golpe ou conspiração contra as instituições democráticas brasileiras. O ministro Alexandre de Moraes tem adotado uma linha dura nas decisões que envolvem suspeitos desse núcleo político, impondo restrições rigorosas mesmo àqueles que não permanecem presos preventivamente. No caso de Gilson, a interdição de mobilidade não apenas atinge sua liberdade individual, mas também compromete sua atividade profissional em um momento crítico do calendário artístico.

Enquanto isso, o público de Caruaru, sem saber dos detalhes jurídicos, reagiu com surpresa e certa decepção à ausência do sanfoneiro. Nas redes sociais, fãs lamentaram não ter visto o artista no palco e questionaram sua situação. Apesar da performance enérgica dos demais integrantes da Brucelose, o vazio deixado pela sanfona de Gilson Machado foi impossível de ignorar.

ARCOVERDE MAIS UMA VEZ, LEVA MULTIDÃO PARA POLO MULTICULTURAL E CONSAGRA O SEU SÃO JOÃO COMO O MELHOR DO INTERIOR

Na noite desta terça-feira, 24 de junho, Arcoverde viveu mais um capítulo inesquecível do seu consagrado São João, consolidado como um dos maiores e mais vibrantes festejos juninos do interior de Pernambuco. O Polo Multicultural, epicentro da festa, foi tomado por uma multidão empolgada que não arredou o pé mesmo com a intensa movimentação. A atmosfera era de pura celebração, com bandeirolas tremulando sob a brisa fria do Sertão e uma vibração contagiante que tomou conta da cidade desde as primeiras horas da noite.

Coube à banda Seu Desejo a missão de abrir a maratona musical. E eles não decepcionaram. Desde os primeiros acordes, o grupo dominou o palco com um repertório recheado de hits que embalam os paredões e as rádios pelo Nordeste. A vocalista, visivelmente emocionada, interagiu com o público a todo momento, convidando todos a entrarem na dança e no clima apaixonado das letras que falam de amores intensos, sofridos e vividos com intensidade. Cada refrão era acompanhado em uníssono por uma plateia calorosa, que transformou o espaço em um imenso coral popular.
Em seguida, o palco foi ocupado por um dos artistas mais queridos da cidade: George Silva. Arcoverdense de raiz, ele foi recebido com aplausos entusiasmados e gritos de orgulho por parte da plateia. Seu show teve a força de um reencontro entre artista e sua gente. Entre músicas autorais e clássicos do forró, George compartilhou histórias e dedicou canções a amigos e familiares presentes, num gesto que reforçou os laços afetivos com o público local. O ponto alto foi quando interpretou uma música composta em homenagem à cidade, arrancando lágrimas e aplausos demorados.
O encerramento da noite ficou sob a responsabilidade de uma verdadeira lenda viva do forró: Jorge de Altinho. Com seu chapéu de couro e sua sanfona afinada, ele fez o Polo Multicultural viajar no tempo. O artista, que carrega décadas de carreira, revisitou sucessos que marcaram gerações, como “Nem Ligue”, “Só Lembranças” e “Feira de Mangaio”, cantadas do início ao fim pelo público. O carisma de Jorge, aliado à excelência da sua banda, transformou o espaço em um grande salão de dança ao ar livre, com casais rodopiando em meio ao xote e ao baião.

A estrutura montada pela Prefeitura de Arcoverde garantiu conforto e segurança para moradores e turistas. Equipes de segurança, saúde e apoio técnico circularam de forma eficiente pelo espaço, e o acesso ao polo se deu com organização. A festa, além de grande, foi plural. No palco, diferentes gerações e estilos do forró se encontraram, compondo uma programação que dialoga tanto com os amantes do tradicional pé de serra quanto com os fãs do forró moderno. Tudo isso sem perder a alma arcoverdense, que pulsa forte durante o ciclo junino. A cada show, a cidade se reafirma como referência cultural do Sertão pernambucano, em uma festa que emociona, encanta e exalta o melhor das tradições nordestinas.

EDUARDO DA FONTE CIRCULOU EM POLOS IMPORTANTES DO SÃO JOÃO DE PERNAMBUCO

O deputado federal Eduardo da Fonte (PP), que já articula sua pré-candidatura ao Senado Federal para as eleições de 2026, aproveitou o fim de semana de São João para intensificar sua presença em dois dos principais polos juninos de Pernambuco: Caruaru e Gravatá. As visitas, marcadas por encontros políticos e momentos em família, reforçaram sua estratégia de manter forte interlocução com lideranças locais e com o eleitorado do interior do Estado, ao mesmo tempo em que valorizou as tradições culturais nordestinas.

Em Caruaru, capital do forró e símbolo do ciclo junino pernambucano, Eduardo da Fonte foi recebido pelo prefeito Rodrigo Pinheiro e pelo vereador Anderson Correia, aliado de primeira hora e pré-candidato a deputado estadual. Ao lado do filho, o também deputado federal Lula da Fonte, o parlamentar circulou pelos principais polos da festa, onde cumprimentou eleitores, participou de apresentações culturais e posou para fotos com populares. A visita teve forte apelo simbólico e político, já que Caruaru concentra grande densidade eleitoral e vem sendo palco de movimentações relevantes com vistas ao próximo pleito estadual.

Já em Gravatá, outro município que se destaca pelo forte apelo turístico e cultural durante o São João, Eduardo da Fonte caminhou ao lado do vereador Léo do Ar, que também se apresenta como pré-candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa. Juntos, visitaram barracas, prestigiaram apresentações de forró pé de serra e participaram de confraternizações com lideranças políticas e comunitárias da cidade e região. A escolha de Gravatá reforça a aposta do deputado em construir pontes com o eleitorado do Agreste, região estratégica para qualquer campanha majoritária em Pernambuco.

Nas redes sociais, Eduardo da Fonte compartilhou registros descontraídos ao lado da família e amigos, com imagens ao som de forró, fogueiras e comidas típicas. Na legenda de uma das postagens, o deputado celebrou o clima festivo do São João e aproveitou para valorizar a cultura regional. “Curtindo o nosso São João em família! Nada melhor do que estar ao lado de quem a gente ama, celebrando as nossas tradições, a cultura nordestina e a força do nosso povo. Que nunca nos falte fé, união e forró! Viva o São João!”, escreveu, em tom afetivo e popular.

A participação do parlamentar nos festejos juninos vai além do lazer. Com presença constante no interior, Eduardo da Fonte busca consolidar uma imagem de proximidade com o povo e engajamento nas causas municipais, estratégia que já utiliza há anos e que tem garantido boa capilaridade política em diversas regiões do Estado. Seu nome vem sendo trabalhado dentro do Progressistas como opção para ocupar uma vaga na chapa majoritária em 2026, especialmente como representante de um campo político mais próximo da centro-direita.

Além de participar dos festejos, o deputado conversou com comerciantes, artistas locais e representantes da cultura popular, ouvindo demandas e reforçando compromissos históricos com a valorização das festas juninas, da economia criativa e do turismo regional. Nos bastidores, aliados afirmam que o giro junino de Eduardo da Fonte faz parte de uma agenda cuidadosamente planejada, que une tradição, política e articulação com vistas ao cenário eleitoral que se avizinha.

PESQUISA MOSTRA MARILIA NA DIANTEIRA PARA O SENADO, MAIS FOGO AMIGO PODE ATRAPALHAR

A nova pesquisa realizada pelo Instituto Simplex sobre a disputa para o Senado em Pernambuco acendeu um alerta no meio político local. O levantamento mostra a ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) na dianteira da corrida, em posição de destaque frente a outros possíveis postulantes. A liderança da neta de Miguel Arraes não é surpresa: além do recall das eleições anteriores, Marília construiu uma forte conexão com o eleitorado lulista, que tem enorme peso no estado e se mantém fiel a figuras associadas ao campo progressista.

O cenário traçado pela sondagem revela uma disputa potencialmente apertada e com forte influência da polarização política nacional. Marília aparece bem posicionada em um ambiente onde dois terços do eleitorado ainda guardam lembranças das eleições de 2022, nas quais ela disputou o Governo do Estado e obteve expressiva votação, principalmente no Recife, na Região Metropolitana e em municípios do interior com forte base petista. Seu discurso combativo, de oposição aos grupos tradicionais, ainda ressoa entre eleitores que se identificam com o legado de Arraes e com o ex-presidente Lula, reforçando sua presença como uma figura emblemática da esquerda no estado.

Contudo, esse mesmo eleitorado é disputado diretamente com o atual senador Humberto Costa (PT), que também figura como possível candidato à reeleição. A pesquisa sugere que, se ambos estiverem no páreo, dividirão votos na mesma faixa ideológica, o que pode abrir caminho para que um nome de centro ou até mesmo de direita conquiste uma das duas vagas em disputa. É esse o cálculo que preocupa tanto o PT quanto os articuladores da base lulista: o risco de dispersão interna que favoreça adversários mais distantes do espectro progressista.

A força de Marília na disputa está ancorada não apenas no seu sobrenome, mas em sua atuação combativa no Congresso e em sua presença constante nas redes sociais, onde mantém um público fiel e engajado. Ainda assim, o tamanho do seu partido, o Solidariedade, considerado de estrutura modesta, pode limitar seu poder de articulação nas alianças majoritárias. Além disso, ela sofre resistência velada de setores da esquerda que a veem como uma figura autônoma demais, capaz de tomar rumos distintos do consenso petista — o chamado “fogo amigo”, que historicamente tem tentado minar suas candidaturas nos bastidores.

Marília também enfrenta o desafio de manter a visibilidade em meio a um cenário eleitoral que ainda está em construção. Embora lidere a pesquisa neste momento, o quadro pode mudar à medida que outras candidaturas forem oficialmente lançadas e as campanhas ganharem as ruas. Apesar disso, a ex-deputada segue sendo uma das personalidades políticas mais conhecidas e carismáticas do estado, com alto índice de lembrança e com capacidade de mobilização em palanques populares, especialmente nos grandes centros urbanos e nas regiões mais carentes.

Outro fator que pesa a seu favor é a baixa rejeição entre o eleitorado feminino e jovem, o que pode se consolidar como uma vantagem estratégica em uma campanha com duas vagas em disputa. Mesmo enfrentando adversidades estruturais e políticas, seu nome permanece forte e competitivo, com potencial para influenciar o desenho final das chapas proporcionais e majoritárias que ainda estão sendo montadas nos bastidores da política pernambucana. A pesquisa da Simplex, portanto, não apenas aponta uma liderança momentânea, mas também antecipa uma disputa marcada por rivalidades internas, alianças imprevisíveis e um eleitorado ainda fiel às heranças políticas do passado.

EM IGARASSU NOMEAÇÃO EM PREFEITURA DO RECIFE, TEVE RESPOSTA IMEDIATA DO PALÁCIO

A recente nomeação de Miguel Ricardo para a Secretaria de Saneamento do Recife, feita pelo prefeito João Campos (PSB), movimentou os bastidores da política da Região Metropolitana e expôs com mais nitidez a disputa de forças entre o grupo do gestor recifense e o núcleo político da governadora Raquel Lyra (PSDB). A escolha de Miguel, filho do deputado estadual Mário Ricardo (Republicanos), marca não apenas a entrada formal do parlamentar no campo socialista, mas também a reorganização dos tabuleiros em Igarassu, cidade que se torna peça-chave na estratégia para 2026.

No dia seguinte à nomeação, o PSD – partido comandado em Pernambuco pela governadora – reagiu de forma direta e calculada ao novo arranjo político. Anunciou a pré-candidatura de César Ramos, atual secretário de Governo de Igarassu e filho da prefeita Elcione Ramos, como postulante a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A decisão do Palácio do Campo das Princesas revela a importância que o governo estadual atribui ao município, tanto do ponto de vista simbólico quanto eleitoral.

A rivalidade entre Elcione e Mário Ricardo é antiga, marcada por rompimentos públicos, embates eleitorais e trocas de acusações intensas na última disputa municipal. Embora tenham caminhado juntos em eleições anteriores, a relação política se deteriorou e passou a refletir diretamente nos palanques locais. Elcione, aliada de primeira hora da governadora Raquel Lyra, tem defendido um modelo administrativo que se distancia do que ela classifica como "velhas práticas" da política local. Mário Ricardo, por sua vez, tenta reconstruir sua influência com o suporte do PSB, que enxerga na aproximação com o deputado uma oportunidade de ganhar musculatura fora da capital.

César Ramos, com trânsito nas bases comunitárias e presença constante na articulação de políticas públicas em Igarassu, desponta como nome capaz de rivalizar com o grupo de Mário Ricardo em uma disputa estadualizada. A pré-candidatura dele é interpretada por aliados como um movimento de proteção do espaço político da prefeita Elcione, diante da ofensiva que vem sendo articulada por João Campos e seus aliados. O PSB, ao atrair Mário para seu projeto, não apenas sinaliza um novo eixo de poder metropolitano, mas também desafia diretamente o domínio tucano sobre a região.

A entrada de Miguel Ricardo na gestão da capital também foi lida como uma tentativa do PSB de mostrar força e capacidade de agregação, num momento em que João Campos busca ampliar sua base com vistas a uma possível candidatura majoritária em 2026. A estrutura da Secretaria de Saneamento é estratégica: além de lidar com investimentos pesados em obras, tem grande visibilidade em bairros populares e, portanto, repercussão eleitoral.

A movimentação também revela a antecipação da guerra eleitoral para além dos mandatos em curso. O PSD de Raquel Lyra, ao lançar um nome da confiança de Elcione, tenta impedir que Mário Ricardo se firme como única liderança estadual de Igarassu, oferecendo ao eleitorado local uma alternativa já consolidada na gestão municipal. Ao mesmo tempo, a aposta em César pode garantir um palanque leal em um dos maiores colégios eleitorais da RMR.

Nos bastidores, interlocutores do governo estadual afirmam que o lançamento de César Ramos também carrega a intenção de enviar um recado ao PSB: o campo governista não pretende assistir passivamente ao avanço de João Campos sobre as cidades estratégicas da Região Metropolitana. A disputa, que começa a se desenhar, deve se intensificar nos próximos meses, com implicações tanto na eleição municipal de 2024 quanto no xadrez estadual que se arma para os próximos anos.

SOLIDARIEDADE E PRD ACERTAM FEDERAÇÃO E SE AFASTAM DE LULA

Solidariedade e PRD acertam federação, afastam-se de Lula e sugerem apoio a Caiado
O Globo - O acerto de uma nova federação entre PRD e Solidariedade, que será lançada amanhã no Salão Verde da Câmara dos Deputados, tende a reduzir a fragmentação partidária ao menor nível em quase 40 anos e ampliar dificuldades do governo Lula em montar uma base parlamentar. Com dez deputados, dirigentes da federação pregam um discurso de distanciamento em relação ao petista, cuja coligação contou com o Solidariedade em 2022, e avaliam embarcar na candidatura presidencial de Ronaldo Caiado (União).

Embora tenha cargos no governo federal, o Solidariedade vem se afastando de Lula desde o início do ano. O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), presidente da sigla, criticou a atuação do governo no caso da fraude do INSS e assinou o requerimento de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema. Segundo Paulinho, seu partido “hoje já atua contra o governo” na Câmara.

Já o PRD foi criado em 2023 a partir da fusão entre PTB e Patriota, dois partidos mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Hoje a sigla é dirigida por Ovasco Resende, ex-presidente do Patriota, e que também estará à frente da federação com o Solidariedade.

— Essa insatisfação crescente com o governo contribuiu para nos unir. O perfil que defendemos é caminhar na oposição, como o PRD tem feito desde o início da legislatura — afirmou o tesoureiro do PRD, Marcos Vinícius Neskau, ex-deputado estadual no Rio.

O objetivo imediato da federação é permitir que os dois partidos atinjam a cláusula de barreira, que exigirá no mínimo 13 deputados eleitos por ao menos nove estados em 2026; atualmente, PRD e Solidariedade têm cinco deputados cada.

Antes da aliança com o PRD, o Solidariedade também vinha flertando com um apoio à candidatura presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Paulinho da Força compareceu ao evento de lançamento de Caiado na Bahia, em abril, em um aceno à filiação do governador. Caiado ainda não conseguiu uma garantia de apoio do União Brasil à empreitada; o próprio presidente da sigla, Antonio Rueda, faltou ao evento.

— Nós já havíamos oferecido a legenda para o Caiado, e não creio que o PRD ficará contra isso. Não queremos apoiar nem o PT, nem um candidato bolsonarista, e ele representa esse caminho mais ao centro, sem radicalismos — disse Paulinho.

Conversas em andamento

A federação entre PRD e Solidariedade, quando oficializada, diminuirá o número de bancadas ativas na Câmara para 14. Na série histórica desde a redemocratização, considerando as bancadas eleitas para cada legislatura, este é o menor número desde 1986, quando 12 partidos elegeram deputados federais. O cálculo considera os partidos que compõem a federação partidária como uma única bancada, já que esse tipo de aliança exige que as siglas disputem juntas as eleições em todos os níveis de governo.

Além dessas duas siglas, União Brasil e PP também anunciaram a formação de uma federação neste ano, que ainda precisa ser chancelada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Juntos, os dois partidos têm 110 deputados, o que tornaria esta federação a maior bancada da Câmara.

Outras duas legendas com bancadas relevantes, MDB e Republicanos também iniciaram conversas por uma federação. Cada um tem 44 deputados federais atualmente. Lideranças de ambas as siglas, no entanto, ainda têm resistências ao acordo.

Atualmente há três federações em atividade, com chancela do TSE: PT-PCdoB-PV, PSOL-Rede e PSDB-Cidadania. Todas encerram suas vigências em maio de 2026. O PSDB já ensaiou o fim da atual aliança e chegou a anunciar um acordo com o Podemos, que acabou desfeito por divergências sobre o comando da futura federação. Já o Cidadania conversa por uma nova federação com PSB e PDT.

ROBÓTICA E INCLUSÃO DIGITAL RECEBEM REFORÇO DE R$ 3 MILHÕES NO VALE DO SÃO FRANCISCO

Robótica e inclusão digital recebem reforço de R$ 3 milhões no Vale do São Francisco
Bahia, Pernambuco e Piauí terão novos laboratórios de informática e robótica, ampliando o acesso da população a oportunidades por meio da tecnologia
A transformação digital chegou mais perto da vida de milhares de brasileiros no sertão nordestino. Em cerimônia realizada nesta sexta-feira (13), na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro (BA), o Ministério das Comunicações anunciou um importante passo para a promoção da inclusão digital: um investimento superior a R$ 3 milhões em projetos de Robótica Educativa e na ampliação do programa Computadores para Inclusão.

Os recursos vão beneficiar diretamente moradores de comunidades nos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí, com a criação de 160 laboratórios de informática, três laboratórios de robótica (sendo dois na Bahia e um no Piauí), capacitação de 4 mil pessoas em cursos de informática e robótica, além do recondicionamento de 1.600 computadores para doação a escolas públicas e instituições sociais. Também está prevista a aquisição de kits de robótica para uso educacional.

“Robótica é uma área de tecnologia do futuro. Além de estarmos celebrando hoje a certificação de mil alunos, estamos ampliando a parceria com a Univasf, assinando dois termos aditivos que totalizam mais de 3 milhões de reais. O que queremos com esse projeto é mais do que apenas treinar e capacitar os alunos: é despertar o interesse pela tecnologia no país. O Brasil precisa de profissionais qualificados na área de tecnologia, e é isso que buscamos com esse investimento”, afirma o secretário das Telecomunicações, Hermano Tercius.

Os investimentos incluem R$ 1,5 milhão para a manutenção do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC) da Univasf, que integra o Programa Computadores para Inclusão, e mais R$ 1,5 milhão destinados à expansão do projeto Robótica Educativa, com a instalação de laboratórios — inclusive um modelo móvel — e a compra de novos equipamentos.

O CRC da Univasf é coordenado pelo reitor Telio Nobre Leite, que celebrou a chegada dos recursos. Para ele, a iniciativa representa mais que acesso à tecnologia: significa acesso à dignidade.

“O investimento do Ministério das Comunicações demonstra a confiança no trabalho que a Universidade Federal do Vale do São Francisco vem realizando para a promoção da inclusão digital. Com isso, conseguimos integrar bem a educação básica e superior, estimulando a juventude a pensar no desenvolvimento da área de tecnologia no nosso país. Essa parceria propicia a formação de profissionais de alta qualidade”, conta o reitor da universidade, Telio Nobre Leite